O tempo, implacável em sua marcha, é tanto aliado quanto carrasco. Para Romeu Zema (Novo), ele já começou a correr. Restam exatos 19 meses até o momento em que o governador mineiro terá de deixar o cargo para viabilizar o seu próximo objetivo: a candidatura à Presidência da República. Esse cálculo é crucial e vai além de sua vontade pessoal, exigindo que inicie sua preparação para 2026 imediatamente após as eleições municipais deste ano. Nos bastidores, Zema é claro. Não entrará na disputa pelas duas vagas ao Senado Federal. O seu foco continuará sendo o Poder Executivo.

 

 

Para tentar chegar ao Palácio do Planalto, Zema inicialmente terá de dialogar com outros governadores que têm o mesmo desejo, como Ratinho Junior (PR), Eduardo Leite (RS) e Ronaldo Caiado (GO). Mas os números do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já o fazem largar na frente: Minas tem 16,5 milhões de eleitores, mais do que os 8,65 milhões do Paraná, 5,4 milhões do Rio Grande do Sul e os 5.126.435 eleitores de Goiás.

 

Entre viagens pelo interior de Minas e reuniões com os secretários no Palácio Tiradentes, o ocupante do Poder Executivo traça os seus planos. Ele começa a se movimentar para fortalecer sua imagem fora de Minas, realizando viagens e a se posicionar como uma figura da direita sem alinhamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como já tinha feito na questão da vacinação contra a Covid. Sua estratégia inclui um distanciamento público do líder da extrema direita, já evidenciado pela sua ausência na manifestação convocada por bolsonaristas no último 7 de setembro na Avenida Paulista, em São Paulo. Em nenhum momento o governador cogitou participar do ato de protesto contra o ministro Alexandre de Moraes.

 

Como Zema deseja disputar a Presidência, os 19 meses, contados a partir de setembro, já constam no calendário do governador. Ele também não descarta a possibilidade de concorrer à vice-presidência, caso as pesquisas eleitorais apontem que este é o melhor cenário. Nos últimos meses, encontros frequentes com Ronaldo Caiado têm alimentado especulações sobre uma possível aliança, mas também não se pode descartar um confronto entre ambos. Caiado, que tem o controle de boa parte do União Brasil, deseja repetir o embate que teve com Lula nas eleições presidenciais de 1989. E Zema pode sair candidato mesmo sem alianças com outros partidos. Vale lembrar que o Novo participou das disputas anteriores com nomes inexpressivos nas urnas, como o empresário carioca João Amoêdo e o publisher paulista Felipe D’Ávila.

 

Como o relógio não deixa de funcionar para ninguém, um novo jogo ainda se desenha na mesa do governador, já que os planos para Brasília se cruzam com os de Minas Gerais. A situação se complica com as ambições de Jair Bolsonaro. Apesar de sua inelegibilidade, ele ainda considera uma candidatura presidencial e enfrenta agora dois desafios significativos relacionados a Zema: a disputa pelo Planalto e o agravamento das tensões entre os partidos de direita no estado.

 

Isso porque, se a direita esperava uma candidatura unificada em Minas, como estava nos planos do PL, a realidade demonstra o contrário. O Novo não vai abrir mão de trabalhar com o nome do vice-governador Mateus Simões (Novo) para tentar a sucessão de Zema. Além disso, a estratégia é clara: quando o atual governador deixar o cargo, Simões assumirá a liderança do estado por seis meses antes das eleições de 2026. A intenção é iniciar imediatamente o lançamento do sucessor a partir do momento em que ele se sentar na cadeira do seu antigo chefe.

 

O PL, por sua vez, deve ir com o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos). A decisão ficou clara depois que o ex-presidente Bolsonaro esteve em Belo Horizonte e comunicou em coletiva de imprensa, que caso ele queira se candidatar ao cargo de governador, terá seu apoio incondicional. Será um confronto à direita em Minas enquanto Zema, já fora do cargo, tenta alçar voo rumo a Brasília.

 



 

 

Agendas iguais


Uma passeata do candidato Pedro Roussef (PT), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff e aposta do PT para a Câmara Municipal de Belo Horizonte, coincidirá, neste sábado, com um evento organizado pelo prefeito Fuad Noman (PSD) no Bairro Serra, agendado para o mesmo horário. O PT também tem candidato à prefeitura, Rogério Correia, mas a federação PT, PCdoB e PV tem enfrentado desentendimentos internos sobre o nome do petista. A discussão sobre o “voto útil” começou a ganhar força, com algumas lideranças considerando Fuad Noman uma alternativa mais viável.


Sem voto útil


A ex-deputada Jô Moraes (PCdoB), envolvida na campanha de Rogério Correia, do PT, divulgou um texto para colegas e aliados políticos, sobre a divisão das candidaturas de direita em Belo Horizonte. Em sua análise, Moraes critica o cenário político, destacando a fragmentação provocada pelo avanço da extrema direita e a necessidade de manter o foco nas propostas avançadas e no legado de resistência da cidade. A ex-deputada diz ser contra o voto útil e endossa a Coligação BH da Esperança, liderada por Correia e Bella Gonçalves, como a melhor opção para retomar o caminho da convivência democrática e da inovação.


 

Desistir não é opção


Nos últimos dias, os bastidores também começaram a esquentar com rumores sobre uma possível desistência de Rogério Correia. No entanto, todos os envolvidos na campanha petista negaram veementemente a possibilidade. Segundo eles, o Partido dos Trabalhadores jamais abandonaria uma eleição, especialmente com o apoio do presidente Lula.

 

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Linha direta


Inspirado em um vídeo da campanha de Tabata Amaral (PSB) em São Paulo, que viralizou nas redes sociais, o candidato do MDB à Prefeitura de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo, lançou um ataque contundente aos seus adversários, associando-os ao prefeito Fuad Noman (PSD). No vídeo intitulado “Sócios do Fuad”, Gabriel Azevedo utiliza recortes de matérias jornalísticas dos últimos anos para conectar com linhas os rostos de seus adversários à imagem do candidato à reeleição. Tabata Amaral havia pioneiramente adotado esse formato em sua campanha, sugerindo que seu oponente Pablo Marçal (PRTB) tinha vínculos com o crime organizado.

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