Fuad Noman, prefeito de Belo Horizonte -  (crédito: Arte EM)

Fuad Noman, prefeito de Belo Horizonte

crédito: Arte EM
Quase uma semana após a eleição municipal, o prefeito Fuad Noman (PSD) vê a reforma administrativa como um movimento estratégico, quase um xadrez bem estudado, para abrigar aliados e caciques que o ajudaram na reeleição. Embora a proposta ainda não tenha data para votação, já provoca resistência na Câmara. A bancada do PL, uma das mais críticas, acusa o projeto de inflar a máquina pública, com impacto de R$ 49,9 milhões anuais.
 
 
Durante o segundo turno, Fuad contou com o apoio de suplentes que, mesmo sem assento garantido, aderiram à campanha de olho em recompensas. Muitos destes, lideranças de bairro com capital político nas comunidades, ocuparam a linha de frente da comunicação, intensificando as interações diretas com a população e combatendo, com vídeos e postagens, o adversário, Bruno Engler (PL). Agora, com a vitória de Fuad, os aliados esperam o retorno – talvez um cargo ou, quem sabe, uma chance futura na Câmara.
 
A reforma administrativa, além de criar novas secretarias e coordenadorias, desenha espaços para acomodar os partidos que sustentaram Fuad. O União Brasil, por exemplo, que indicou o vice-prefeito Álvaro Damião, deve assumir a Coordenadoria de Relacionamento com Vilas e Favelas. O PT, com ambições para pastas estratégicas como Fazenda, Mobilidade Urbana e Saúde, aposta em nomes de peso para as indicações.
 
 
Nas conversas de corredor, Cida Falabella (Psol), vereadora reeleita, surge como possível nome para uma secretaria, abrindo caminho para a professora Nara (Rede) assumir sua cadeira. A troca fortalece o bloco do prefeito na Câmara e ajuda a pacificar o Rede Solidariedade, no qual Pablo Lamac, próximo de Nara e Fuad, é influente.
 
Mas a oposição não está à margem. Preparando-se para embates nas comissões e manobras de obstrução, tenta dificultar a tramitação da reforma. Do outro lado, Fuad precisa assegurar apoio. O secretário da Casa Civil do governador Romeu Zema (Novo) e figura central no cenário local, Marcelo Aro, reuniu 23 vereadores em torno da candidatura de Juliano Lopes (Podemos) para a presidência da Câmara, dando um recado claro de força.
 
Fuad, conhecido pela sua política de diálogo e prudência, segue atento à disputa pela Mesa Diretora. Quer priorizar a tramitação da reforma antes de entrar nesse novo campo de batalha. O vídeo recente divulgado pelo próprio secretário, que expõe possíveis nomes para compor a chapa, surpreendeu o prefeito e trouxe desconforto entre aliados.
 
Quando o assunto é a presidência da Casa, se decidir compor com Aro, Fuad pode enfrentar resistência do PT, que já avisou não aceitar uma aliança que envolva o PL. O partido, pilar importante na reeleição, espera reciprocidade e não deseja abrir mão de influência nas articulações.
 
Apesar da tensão, Fuad tem uma base consolidada na Câmara e, segundo fontes, pode até lançar um nome independente para a presidência. Com o respaldo do vice-prefeito Álvaro Damião e a possível liderança de Bruno Miranda, o prefeito reúne força para ir à disputa, caso opte por um caminho menos dependente das alianças complexas que a política mineira exige. Em resumo, para Fuad, a campanha acabou, mas a verdadeira negociação está só começando.
 

Pressão

O vídeo que foi publicado na segunda-feira por membros da Família Aro deixou clara a força do secretário de Zema, Marcelo Aro, na Câmara Municipal. As imagens, por outro lado, deixaram Rodrigo Pacheco (PSD-MG) furioso. O senador, que não esperava o anúncio tão rápido de uma nova bancada, deve mergulhar de cabeça na Câmara Municipal de BH. Foi Pacheco o responsável pela saída de Aro da prefeitura. Interlocutores afirmam que o presidente do Congresso deve pressionar Fuad para indicar um nome à Mesa.

Ipsemg

Na próxima segunda-feira (4/11), a Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizará debate público sobre o Projeto de Lei 2.238/24, de autoria do governo Zema. A deputada Beatriz Cerqueira (PT) é a responsável pela iniciativa, que visa discutir as mudanças propostas para o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). O projeto pode impactar os serviços de assistência médica, hospitalar, odontológica e farmacêutica oferecidos aos servidores e seus dependentes, trazendo consequências financeiras que serão abordadas durante o evento, que ocorrerá das 9h às 18h.
 

UFMG

A deputada federal Dandara (PT) recebeu das mãos da reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, a Medalha de Honra concedida a ex-alunos da universidade. “Meu compromisso com a UFMG e com a educação pública é de uma vida inteira. Em tempos de ataques à universidade e educação públicas, minha luta como professora é a defesa irrestrita do ensino público. Quando querem transformar o que é direito fundamental em negócio para lucro de poucos, quem perde é o povo”, disse a parlamentar.
 
 

Brasília

O vereador eleito Pedro Rousseff marcou presença na reunião entre o presidente Lula e os governadores – evento que contou com lideranças de peso, mas com uma ausência notável: Romeu Zema. O sobrinho da ex-presidente Dilma foi até Brasília onde se reuniu com o presidente e alguns ministros de governo. Depois, acompanhou o encontro. Pelas redes sociais, o vereador fez questão de cutucar o chefe do Executivo mineiro: “Envergonhou Minas”, declarou, em uma crítica direta à ausência de Zema no encontro.