O que está em jogo na disputa pela presidência da AMM
Enquanto acusações e ironias cruzam os corredores da AMM, o que deveria ser um espaço de articulação municipalista se transforma em arena de disputas pessoais
Mais lidas
compartilhe
SIGA NOO poder, dizem, é como uma cadeira de couro: confortável demais para ser largada, mas nunca permanente. A metáfora parece definir a disputa pela presidência da Associação Mineira de Municípios (AMM), onde as tensões vão muito além do cargo em si. O cenário é de articulação política, ambições veladas e, claro, egos inflamados.
Marcos Vinícius Bizarro (sem partido), ex-prefeito de Coronel Fabriciano, assumiu a presidência da AMM em 2022, amparado por um acordo interno que prometia equilíbrio entre os prefeitos. No entanto, como em muitos acertos políticos, o roteiro logo foi reescrito. Bizarro ficou conhecido por descumprir promessas, protagonizar atritos e, sobretudo, por se agarrar à cadeira da presidência, mesmo quando o combinado era deixá-la. Desde que encerrou seu mandato como prefeito, em 2025, ele insiste em manter o controle da entidade e quer a reeleição.
A situação não é nova. O pacto que o alçou à presidência previa a sucessão por Luiz Eduardo Falcão (Novo), prefeito de Patos de Minas e segundo vice-presidente da AMM há tempos, mas Bizarro segue firme no cargo, alimentando insatisfações entre os prefeitos, especialmente os que ainda estão na ativa.
O desconforto é justificável: a AMM, na visão de alguns, deveria ser comandada por alguém que vive as complexidades e desafios diários da gestão municipal. Com o fim de seu mandato à frente da associação se aproximando, a tensão entre os membros da entidade só aumenta, colocando em xeque a credibilidade dos acordos que sustentam a política interna.
Falcão, por sua vez, lançou sua candidatura à presidência para o triênio 2025-2028. Sua bandeira é a renovação, mas seus adversários enxergam um projeto político maior: um trampolim para voos mais altos em 2026. Nos bastidores, a candidatura é vista por aliados de Bizarro como uma afronta ao modelo atual de gestão, o que transformou a disputa em um embate público. Vídeos, discursos e declarações nas redes sociais alimentam o clima de campanha.
Entre as mensagens que circulam nos grupos de prefeitos, um vídeo de Falcão causou alvoroço ao defender que a próxima diretoria seja composta apenas por chefes do Executivo municipais. Ele insinua que os ex-prefeitos tratam a AMM como um feudo pessoal, o que foi visto como uma crítica direta a Bizarro. Não demorou para as respostas surgirem. Marcelo Morais (PSD), prefeito de São Sebastião do Paraíso e também candidato à cadeira de presidente, ironizou a fala, questionando a coerência do discurso. Ele lembrou que o estatuto foi alterado na gestão de Julvan Lacerda para permitir que ex-prefeitos pudessem presidir a associação.
A troca de farpas expõe um racha interno que vai além da disputa entre Bizarro e Falcão. Nos bastidores, aliados do prefeito de Patos de Minas acusam Morais de blefar sobre sua própria candidatura à presidência para negociar espaço na chapa de reeleição de Bizarro. O prefeito de São Sebastião, por outro lado, rebate as insinuações, alegando que sua candidatura representa os interesses do Sudoeste de Minas, e não uma barganha política.
Enquanto acusações e ironias cruzam os corredores da AMM, o que deveria ser um espaço de articulação municipalista se transforma em arena de disputas pessoais e estratégias eleitorais. Para Bizarro e Falcão, ambos de olho em uma vaga na Câmara dos Deputados, a presidência da associação é menos um cargo e mais uma vitrine política.
Ainda assim, a AMM está longe de ser uma fábrica de votos. Embora se diga que o posto pode alavancar projetos eleitorais, na prática, a associação é sobretudo um espaço de articulação política. Nesse contexto, a briga começa a soar como um duelo vazio de propósito.
Com a eleição marcada para abril, os prefeitos enfrentam uma decisão que vai além de escolher um líder: trata-se de definir os rumos do municipalismo mineiro em um cenário político cada vez mais polarizado. No fim, o poder, tal qual a cobiçada cadeira de couro, continua sendo disputado por aqueles que já não sabem – ou não querem – se levantar dela.
Nísia em Contagem
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, desembarca em Contagem nesta sexta-feira (10), às 15h, para uma visita ao Centro Materno Infantil (CMI). Acompanhada da prefeita Marília Campos e do secretário de Saúde, Fabrício Simões, ela vai conhecer as instalações do CMI e se reunir com profissionais da rede municipal de saúde. Na agenda, temas como o Hospital Municipal de Contagem, com atendimento 100% SUS, o Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), o Plano de Redução da Dengue e o Projeto Rede Alyne, que busca reduzir a mortalidade materna no Brasil.
Câmara de BH
O presidente da Câmara Municipal, Juliano Lopes (Podemos), está aguardando até 25 de janeiro para receber as indicações e iniciar a distribuição das comissões. O prazo final para as nomeações é 30 de janeiro. Enquanto isso, dois blocos partidários já foram oficializados: o BH Democrática, composto por PCdoB e PDT, e o BH Merece Mais, que reúne Avante e MDB.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
Ipsemg
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sancionou na quinta-feira (9) o projeto que reajusta em mais de 80% o piso e o teto do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg). A proposta, aprovada em definitivo pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no início de dezembro, começará a valer em 90 dias, a partir de abril.