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Ana Mendonça
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EM MINAS

A briga entre ego e poder na cadeira de Afonso Pena

A emblemática cadeira de Afonso Pena, que Gabriel Azevedo adotou como símbolo de sua gestão e de seu fascínio pela história de BH, foi removida para um depósito

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Os homens não mudam, apenas trocam de lugar.” A máxima ecoa no plenário da Câmara Municipal de Belo Horizonte, onde o espetáculo do poder segue em ciclos, mas os protagonistas e seus egos insistem em permanecer no palco. A transição de comando entre Gabriel Azevedo (MDB) e Juliano Lopes (Podemos) não foi apenas uma dança de cadeiras; foi um retrato fiel de uma disputa antiga, movida por símbolos, vaidades e ambições.
 
 
A emblemática cadeira de Afonso Pena, que Gabriel Azevedo adotou como símbolo de sua gestão e de seu fascínio pela história de Belo Horizonte, foi removida para um depósito. O novo presidente, Juliano Lopes, optou por uma cadeira comum. “Sou vereador, estou presidente”, declarou, tentando despir-se de qualquer pretensão ou apego. Contudo, a simplicidade da escolha soou como um gesto de apagamento. Aos poucos, Azevedo, que não esconde seu alto apreço por si mesmo — ele próprio já admitiu que seu ego é "bem grande" —, vai sendo riscado das paredes e das memórias da Casa.
 
Juliano, que se declara avesso à autopromoção, já começou a construir sua narrativa pública. Em suas redes sociais, compartilhou imagens de sua “primeira semana à frente da Câmara”, destacando passos iniciais de sua gestão. A contradição não passou despercebida: o avesso à vaidade também precisa ser visto.
 
Nos bastidores, o novo presidente tem enfrentado a tensão latente deixada pela disputa da Mesa Diretora. Juliano e Álvaro Damião (União Brasil), prefeito interino até o retorno de Fuad Noman (PSD), insistem em público que “é hora de virar a página”. Mas os corredores da Câmara sussurram histórias de realocações conduzidas por Christian Aquino, filho da ex-presidente da Casa e deputada federal Nely Aquino (PP-MG), que incomodaram e reacenderam velhas mágoas.
 
A família Aro, por sua vez, consolidou-se como peça-chave em qualquer votação na Câmara. Juliano, ligado a Marcelo Aro (PP), secretário de Estado da Casa Civil e figura de peso na política mineira, carrega a marca dessa aliança estratégica. No entanto, sua liderança vai além dessa proximidade.
 
Juliano é o vereador mais antigo da Casa, uma figura respeitada por colegas de diferentes espectros políticos. Querido e elogiado, ele é visto como um ar de frescor em meio às disputas tradicionais, trazendo uma postura conciliadora e acessível que tem conquistado aliados e até mesmo a simpatia de opositores. Sua experiência e habilidade de diálogo são apontadas como fatores que podem fortalecer sua gestão.
 
Enquanto isso, Damião, que no momento está à frente da prefeitura, assume um estilo bem diferente de Fuad Noman, internado sem previsão de alta. Fuad opta pela discrição e foca na gestão, Álvaro escolhe o diálogo direto, as articulações de bastidor e a linha de frente. A diferença de estilos é notável e já movimenta a dinâmica do poder na capital.
 
Na prefeitura, a prioridade agora é consolidar uma base forte no Legislativo, um esforço que passa diretamente pela relação com Juliano Lopes. A harmonia entre os dois lados será essencial para avançar em temas como transporte e meio ambiente, áreas que o novo presidente da Câmara apontou como prioritárias durante entrevista ao Estado de Minas.
 

AMM

Nessa sexta-feira (10/1), a coluna destacou as brigas internas na disputa pela presidência da Associação Mineira de Municípios (AMM). Interlocutores do atual presidente, Dr. Marcos Vinicius, procuraram a coluna para rebater as críticas. Lembraram que Falcão, vice-presidente da AMM, apoiou Julvan Lacerda, ex-prefeito de Moema, na Confederação Nacional dos Municípios (CNM), e que foi Julvan quem alterou o estatuto da AMM para permitir candidaturas de ex-prefeitos. “Quando é do grupo deles, vale. Quando não é, criticam?”, questionaram.

 

Energia

Minas Gerais liderou a expansão energética do país em 2024, com 3,2 GW a mais no Sistema Interligado Nacional (SIN), segundo a Aneel. O feito contribuiu para o Brasil bater recorde histórico de crescimento na matriz elétrica, com 10,9 GW adicionados, sendo 91% de fontes renováveis. O ministro Alexandre Silveira celebrou o resultado e destacou o papel das usinas solares no desenvolvimento de regiões como o Norte de Minas e o Jequitinhonha. “Transformamos o sol em fonte de progresso”, afirmou.
 

Casa arrumada

O prefeito em exercício de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), afirmou nessa sexta-feira (10/1) que o gabinete está organizado e pronto para receber Fuad Noman (PSD) de volta. Durante a assinatura da lei de incentivo aos blocos caricatos, Damião destacou que até o aroma do ambiente foi mantido como o prefeito gosta. Fuad segue afastado para tratar uma pneumonia, após ser internado pela quarta vez desde sua reeleição.
 
 

 

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