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Ana Mendonça - Estado de Minas
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ANA MENDONÇA

O silêncio antes da batalha

"O discurso oficial é que o setor privado trará mais agilidade e menos dependência de terceirizações"

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Janeiro avança preguiçoso pelos corredores vazios da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Em tempos de recesso, as portas fechadas simbolizam a pausa na política. Mas uma inquietude paira no ar: o governo Romeu Zema (Novo) já estipulou suas prioridades e afia suas armas para o embate que promete agitar a Casa no primeiro semestre. O motivo? As vacas sagradas do patrimônio mineiro: Cemig e Copasa. Ambas podem perder o sobrenome “estatal”, caso os projetos de privatização avancem.

 


Para o governador, é questão de sobrevivência. A dívida estadual, que beira os R$ 165 bilhões, tornou-se insustentável. A promessa de desestatizar as gigantes é apresentada como o respiro necessário para um Estado que vive com o pires na mão. Ontem, segunda-feira (12/01), o presidente Lula (PT) sancionou o Programa de Pleno Pagamento das Dívidas Estaduais (Propag), mas o avanço também veio cheio de alertas. Isso porque, devem ter sido vetadas emendas no texto incluídas pela Câmara dos Deputados. O Propag com os vetos serão publicado nesta terça-feira no Diário Oficial da União.

 

 


Nos bastidores do Palácio Tiradentes, o clima é de cautela estratégica. Fontes próximas ao governo revelam que, no caso da Copasa, o debate está amparado por um cenário claro: o governo federal não tem interesse em federalizar a empresa. Essa posição abriu espaço para reflexões dentro do próprio estado. Com os municípios insatisfeitos pela lentidão nos serviços e na universalização do esgoto, o temor é que Minas fique para trás, especialmente quando comparada ao avanço paulista na privatização da Sabesp. “Um serviço ruim de água e esgoto machuca demais o município”, confidencia uma fonte.

 


No caso da estatal, o governo de Minas Gerais propõe modelo mais direto, no qual o controle acionário seria transferido integralmente à iniciativa privada. O maior desafio para viabilizar a privatização está na renegociação de contratos com municípios-chave. Belo Horizonte, por exemplo, dificilmente sairia do arranjo, já que toda sua captação de água ocorre fora do município. A estratégia do governo seria manter a capital como âncora financeira, garantindo também a adesão de cidades deficitárias.

 

 


Já na Cemig, o cenário é mais complexo. O modelo proposto é o de “corporation”. Trata-se da disponibilização das ações da companhia ao mercado financeiro, resultando em uma estrutura sem controlador definido.No entanto, o governo de Minas Gerais manteria uma participação de 17,04% das ações totais, junto à chamada “golden share”, ação especial que garante poder de veto em decisões estratégicas. Essa estrutura visa preservar o interesse público em temas essenciais, como segurança energética e investimentos no estado.

 


Deputados aliados do governo afirmaram à coluna que as privatizações serão prioridade neste semestre. “Temos uma base sólida e comprometida com o tema”, chegou a dizer o vice-governador Mateus Simões, em uma entrevista coletiva, confiante de que o apoio será suficiente para aprovar os projetos até junho. Contudo, a oposição promete fazer barulho, classificando as privatizações como um risco ao desenvolvimento de Minas. À coluna, um parlamentar da oposição confirmou que a obstrução será feita da “melhor forma possível”.

 

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Ainda na discussão, o Sindieletro alerta para possíveis cortes de empregos e aumento nas tarifas. Do outro, o governo tenta vender a ideia de que tudo ficará bem: direitos trabalhistas preservados, salários intactos e até a possibilidade de novas vagas no setor técnico.

 


O discurso oficial é que o setor privado trará mais agilidade e menos dependência de terceirizações. Mas, nos corredores da Assembleia Legislativa, o burburinho é outro: será que essa promessa de eficiência e estabilidade vai mesmo sair do papel? Ou estamos prestes a assistir a mais uma rodada de descontentamento popular?

 


O mercado, por sua vez, mantém os olhos atentos. Fato é que, apesar das férias, o relógio não para. Com as eleições de 2026 no horizonte, a janela para aprovar as reformas se estreitou. O silêncio de janeiro está com os dias contados. Em fevereiro, a Assembleia verá o barulho do embate político e o destino de duas das maiores empresas mineiras estará em jogo.

 

 

PRIORIDADES

 

No comando interino de Belo Horizonte, o vice-prefeito Álvaro Damião (União Brasil) tem voltado suas atenções para os estragos causados pelas chuvas. A questão é uma das prioridades do titular, Fuad Noman (PSD), que, em campanha, garantiu que a capital estava preparada para enfrentar tempestades. No entanto, os alagamentos e as enchentes das últimas semanas desafiam o discurso e colocam Damião diante da missão de amenizar os danos – tanto nas ruas quanto na imagem da gestão.

 

SOCORRO

 

O prefeito de Santana do Paraíso, Bruno Morato (Avante), correu para acionar o governo de Minas após a maior chuva já registrada no município do Vale do Aço. Ele pediu mais de R$ 80 milhões em recursos para reparar os estragos causados pela tempestade que atingiu a cidade na madrugada de domingo (12). O cenário é de devastação: uma pessoa morreu em um desabamento, e os mais de 45 mil habitantes tentam retomar a rotina em meio ao caos.

 


CONGRESSO

 


O senador Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso Nacional, divulgou nota lamentando os estragos causados pelas fortes chuvas em Minas Gerais, com destaque para Ipatinga, no Vale do Aço. “Com imensa tristeza, externo meus sentimentos aos familiares e amigos dos mortos”, afirmou. Pacheco também cobrou empenho das autoridades para minimizar os impactos dos temporais, que têm causado sofrimento em várias cidades mineiras. Nos bastidores, a fala é vista como um movimento estratégico para reforçar sua imagem em Minas, estado que pode ser decisivo em 2026.

 


CORRIDA

 

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) traçou uma meta curiosa para este ano: ultrapassar o presidente Lula (PT) em número de seguidores no Instagram. Atualmente, Nikolas soma 12,3 milhões, enquanto Lula conta com 13,3 milhões. Em uma publicação recente, o deputado escreveu: “Passando para falar que falta 1 milhão para passar o Lula. Esse ano vai.” A estratégia de Nikolas reflete sua habilidade em usar as redes sociais para mobilizar sua base e manter-se em evidência. A disputa digital, ao que tudo indica, promete ser acirrada.

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