Ana Mendonça
Ana Mendonça
EM MINAS

O xadrez da bancada mineira

Uma bancada forte e unida não é apenas questão de status, mas de garantir projetos e viabilizar leis que beneficiem Minas

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Minas Gerais já teve nomes que marcaram a política nacional, mas hoje parece uma terra de coronéis sem exército, onde cada um briga por um feudo sem enxergar o todo. No Congresso, a disputa pelo comando da bancada mineira reflete essa falta de coesão. A reunião marcada para a próxima terça-feira (18) deve definir quem assumirá a coordenação do grupo, mas, nos bastidores, a briga já se arrasta há meses.

 


Newton Cardoso Júnior (MDB), que se movimenta para assumir o posto desde dezembro, viu seu caminho ser atravessado por uma mudança nas regras internas da bancada – justamente quando ainda estava de luto pela morte do pai, o ex-governador Newton Cardoso.

 

Enquanto Newtinho articulava apoios e coletava assinaturas para se cacifar, os colegas decidiram, em sua ausência, que a escolha do coordenador agora será feita por votação secreta. A mudança pegou o emedebista de surpresa e acirrou ainda mais a disputa.

 

Além dele, outros dois nomes querem o cargo: o atual coordenador, Luiz Fernando Faria (PSD), que busca a reeleição, e Paulo Guedes (PT), que alega ter um acordo de 2023 para assumir o posto neste ano. O petista, aliás, não esconde a irritação com a concorrência, lembrando a aliados que, na eleição passada, retirou sua candidatura para ceder espaço a Faria – e agora esperava reciprocidade.

 

 

A continuidade de Faria no cargo, no entanto, enfrenta resistência dentro da bancada. Parlamentares avaliam que sua liderança foi apagada e pouco efetiva, além de considerarem que ele se manteve distante das articulações mais estratégicas para Minas. A falta de protagonismo na coordenação só reforça um problema maior: o estado tem perdido espaço no Congresso, reflexo de uma bancada desorganizada e sem unidade.

 

A desorganização é tamanha que, até pouco tempo, a bancada mineira nem sequer tinha um estatuto definido. Na tentativa de criar regras mínimas para o funcionamento do colegiado, um grupo de trabalho foi formado para redigir um novo estatuto.

 

A responsabilidade ficou com sete deputados: Igor Timo (Podemos), Ione Barbosa (Avante), Marcelo Álvaro Antônio (PL), Dimas Fabiano (PP), Lafayette Andrada (Republicanos), além de representantes do PSOL e do PT. Ou seja, o próprio grupo que deveria ser referência para o estado agora tenta estabelecer diretrizes básicas de funcionamento – algo que outras bancadas já possuem há anos.

 

 

O fato é que há tempos Minas Gerais não tem protagonismo na Câmara. Faltam nomes que, de fato, articulem e tenham peso nacional. A bancada mineira até tem figuras ideológicas com projeção, mas essa relevância quase sempre se restringe a pautas de costumes – que pouco representam o estado e o país.

 


A nova presidência da Câmara, no entanto, pode ser uma oportunidade para Minas recuperar espaço em Brasília. O deputado federal Gilberto Abramo (Republicanos), recém-nomeado líder da bancada do partido no Congresso, tem forte relacionamento com Hugo Motta (Republicanos-PB). Essa proximidade pode tornar Abramo um intermediador de pautas importantes para Minas, garantindo que o estado volte a ter influência política e consiga destravar projetos essenciais.

 

Uma bancada forte e unida não é apenas questão de status, mas de garantir projetos e viabilizar leis que beneficiem Minas. Se há algo que essa disputa pelo comando da bancada deveria ensinar é que, sem estratégia coletiva, Minas continuará sem voz em Brasília.

 

 

De cara na porta

 

Na posse de Durval Ângelo na presidência do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG), um pequeno imprevisto tomou conta da cerimônia: a assessoria não imaginava que tantos parlamentares e autoridades estivessem tão interessados em marcar presença. Resultado? Deputados federais e até secretários do governo Zema foram barrados na porta, sem explicações.


Ameaça ambiental

 

A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) denunciou ao Ministério Público Estadual e Federal a tentativa da Prefeitura de Araçuaí de reduzir a Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada do Lagoão, considerada a “caixa d’água” do município. A proposta, que favorece o setor de mineração, não respeita a consulta prévia das comunidades tradicionais, violando direitos garantidos por legislações estaduais e federais. A parlamentar solicita providências para a preservação da área e a proteção das populações afetadas.


PT em Minas

 

A Câmara Municipal de Belo Horizonte foi palco de uma homenagem aos 45 anos do PT, reunindo lideranças históricas do partido, como a ministra Macaé Evaristo, o deputado federal Patrus Ananias e o ex-governador Fernando Pimentel. A vereadora Luíza Dulci, que propôs a solenidade ao lado da bancada petista, destacou a importância da data como um resgate do legado do partido na cidade. “Celebrar os 45 anos do PT é lembrar e reafirmar um projeto social e ambiental para BH. Aqui, as gestões do partido deixaram um legado de desenvolvimento, com investimentos nas periferias e políticas públicas transformadoras. As vereadoras e vereadores do PT tiveram papel fundamental na construção dessas mudanças. Sou parte dessa história e vou continuar esse legado”, afirmou à coluna.


Novos ônibus

 

A Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou ontem a criação da Comissão Especial de Estudo para analisar os contratos que contemplam as empresas de ônibus na capital. A comissão será presidida pela vereadora Fernanda Pereira Altoé (Novo) e terá o vereador Pedro Rousseff (PT) como relator.

 


CLP

 

O Centro de Liderança Pública (CLP) iniciará, em 20 de fevereiro de 2025, o nono curso de seu Master em Liderança, Política e Gestão Pública (MLG), com 34 novos participantes de 12 estados. Entre os selecionados estão Eduardo Cássio Beckman Gomes, do Tesouro do Maranhão, e Taciela Cordeiro Cylleno de Mesquita, juíza federal. A aula inaugural será ministrada por Francisco Gaetani, do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

 

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