O Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer, no último sábado (4), foi uma oportunidade para disseminarmos informações sobre prevenção e controle do câncer e levarmos questões atuais sobre a doença à população em geral. Entre essas informações, uma das mais relevantes é a de que o excesso de peso ou a obesidade estão associados a um maior risco de se contrair pelo menos 13 tipos diferentes de câncer.

A obesidade ou excesso de gordura corporal é um grande desafio de saúde global que não só tem sido associado à diabetes mellitus e às doenças cardiovasculares, mas também é um importante factor de risco para o desenvolvimento e mortalidade relacionada com um subgrupo de diferentes tipos de câncer.


Vários estudos epidemiológicos correlacionam a obesidade ao aparecimento do câncer. Um estudo mais recente da União Internacional de Controle do Câncer estima que 30% dos casos da doença nos países ocidentais estejam relacionados ao sedentarismo e ao excesso de peso.


No Brasil, mais de 80 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 60% da população, estão com excesso de peso, enquanto 15 milhões são consideradas obesas, isso incluindo todas as idades e classes sociais. O número de obesos entre crianças e adolescentes cresceu nos últimos 10 anos de 3,7% para quase 13%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Vários mecanismos foram sugeridos para explicar como a obesidade pode aumentar os riscos de alguns tipos de câncer:


- O tecido adiposo produz quantidades excessivas de estrogênio, o que tem sido associado ao aumento do risco de câncer de mama, endométrio, ovário e alguns outros tipos de câncer.


- Pessoas com obesidade geralmente apresentam níveis sanguíneos aumentados de insulina e fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1). Níveis elevados de insulina, (hiperinsulinemia), ocorrem devido à resistência à insulina e precedem o desenvolvimento de diabetes tipo 2, outro conhecido fator de risco de câncer. Altos níveis de insulina e IGF-1 podem promover o desenvolvimento de câncer de cólon, rim, próstata e endométrio.


- Pessoas com obesidade geralmente apresentam condições inflamatórias crônicas, como cálculos biliares ou doença hepática gordurosa não alcoólica, o que pode causar estresse oxidativo, levando a danos no DNA e aumentando o risco de doenças do trato biliar e outros tipos de câncer.


- As células de gordura produzem hormônios chamados adipocinas que podem estimular ou inibir o crescimento celular. Por exemplo, o nível de uma adipocina chamada leptina no sangue aumenta com o aumento da gordura corporal, e níveis elevados de leptina podem promover a proliferação celular aberrante. Outra adipocina, a adiponectina, é menos abundante em pessoas com obesidade do que em pessoas com peso saudável e pode ter efeitos antiproliferativos que protegem contra o crescimento tumoral.


Outros possíveis mecanismos pelos quais a obesidade pode aumentar o risco de câncer incluem imunidade tumoral prejudicada e alterações nas propriedades mecânicas do tecido que envolve os tumores em desenvolvimento.


Concluindo, podemos afirmar que inúmeros estudos científicos sugerem que devemos continuar a recomendar uma dieta saudável, pobre em carne vermelha e açúcar refinado para prevenção de vários tipos de câncer, juntamente com outras mudanças no estilo de vida, pois os fatores da dieta ocidental que foram apontados nesses estudos atuam no aumento da inflamação celular, levando a danos no DNA e consequentemente ao câncer.

Além das recomendações para limitar a carne processada e comer menos grãos refinados e açúcar, problemas com o microbioma intestinal uma vez identificados podem individualizar as intervenções nutricionais mais adequadas, como alimentos que melhoram as bactérias benéficas ao intestino.

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