Cânceres relacionados à obesidade - que incluem câncer de mama, colorretal, pancreático e renal - são um grupo de 13 malignidades para as quais a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer considera que as evidências científicas são suficientes para que possamos associá-los ao excesso de peso corporal.

 


O excesso de peso corporal no primeiro diagnóstico de câncer por sua vez parece estar associado ao risco de uma segunda malignidade. Adultos mais velhos sobreviventes de câncer que estavam acima do peso ou obesos no momento do primeiro diagnóstico de câncer primário tinham um risco maior de desenvolver um segundo câncer, de acordo com descobertas apresentadas na Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) de 2024.

 




Vários estudos sugerem que excesso de peso corporal esteja associado a resultados adversos entre sobreviventes de câncer. Isso inclui risco aumentado de doenças como diabetes ou doenças cardíacas. Esse estudo se soma às informações anteriores de estudos afins sobre o risco de segundos cânceres. Essas informações são importantes para os clínicos, assim como para os pacientes.

 


A análise incluiu dados de 26.894 homens e mulheres na coorte “Cancer Prevention Study II Nutrition”, que foram diagnosticados com uma primeira malignidade incidente não metastática entre 1992 e 2015. A idade média no diagnóstico do primeiro câncer foi de 72,5 anos (intervalo interquartil, 67,7-77). A coorte incluiu 10.713 indivíduos com IMC normal (18,5 a < 25) no momento do primeiro diagnóstico de câncer primário, 11.497 indivíduos com IMC na faixa de sobrepeso (25 a < 30) e 4.684 indivíduos com IMC na faixa de obesidade (30).

 


Os pesquisadores acompanharam esses indivíduos até 2017 para o diagnóstico de um segundo câncer primário. Os resultados de interesse incluíram quaisquer segundos cânceres e segundos cânceres associados à obesidade, como câncer de mama ou câncer colorretal. Após um diagnóstico inicial, os pacientes se preocupam com o risco de desenvolver uma malignidade subsequente. É importante entender os fatores que afetam o risco de uma segunda malignidade para que se possa informar corretamente os sobreviventes de câncer com a finalidade de se reduzir esse risco.

 


Para esse estudo, os autores analisaram detalhadamente o excesso de peso corporal, que é um fator de risco modificável para segundos cânceres. E para isso foram utilizados dados do Estudo de Prevenção do Câncer II da American Cancer Society. É um dos maiores estudos já realizados para se avaliar o risco de câncer e a sobrevivência dos portadores. Os participantes desse estudo receberam pesquisas bienais. Gerou-se assim um conjunto de dados muito grande e rico para se observar o peso corporal próximo ao diagnóstico do primeiro câncer e avaliar como ele afetava o risco de um segundo câncer.

 


Durante o acompanhamento médio de 7,5 anos, 3.749 participantes do estudo foram diagnosticados com um segundo câncer, incluindo 1.243 segundos cânceres relacionados à obesidade. Em comparação com sobreviventes de câncer que tinham IMC na faixa normal no momento do primeiro diagnóstico de câncer, aqueles que eram (risco relativo de 1,12 ) ou obesos (risco relativo de 1,29) apresentaram maior risco de qualquer segundo câncer.

 


Os pesquisadores também observaram riscos maiores para segundos cânceres relacionados à obesidade entre aqueles que estavam acima do peso (risco relativo de 1,37) ou obesos (risco relativo de 1,6) no momento do primeiro diagnóstico de câncer.

 


Os resultados mostraram associações particularmente fortes entre obesidade e risco elevado de câncer de mama como uma segunda malignidade ou câncer colorretal.

 

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Com base nesses resultados, é importante que os sobreviventes do câncer tenham uma equipe de suporte para o paciente composta por clínicos e não clínicos para ajudar o paciente a manter um peso saudável por meio da coordenação da nutrição e atividade física. Esse pode ser um aspecto importante no cuidado para uma maior sobrevida dos pacientes acometidos por meio de medidas preventivas, controle de peso e rastreamento oncológico adequado.

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