A incidência de câncer de mama masculino está aumentando e, embora ainda seja uma doença rara e pouco compreendida, estudos genéticos recentes revelaram diferenças fundamentais em relação ao câncer de mama feminino, que podem ajudar a orientar as estratégias de tratamento em direção a uma abordagem mais personalizada. 


 

Compreendendo uma ocorrência rara


O câncer de mama masculino compreende menos de 1% de todos os cânceres nos homens e menos de 1% de todos os cânceres de mama. Para cada 100 a 200 pacientes do sexo feminino com câncer de mama, um homem é diagnosticado. Ele tende a se apresentar em pacientes mais velhos e geralmente é uma doença positiva para o receptor de estrogênio (ER), assim como o das mulheres. 

 

 

Em geral, os homens não têm conhecimento sobre o câncer de mama masculino e podem ignorar ou sentir-se desconfortáveis ao procurar atendimento para queixas mamárias mais comumente associadas às mulheres. Isso leva a diagnósticos mais tardios de câncer avançado em homens. 




 

As manifestações clínicas mais comuns são a presença de um caroço na área do tórax, que pode ser acompanhado ou não de adenomegalia axilar (ou “íngua” palpada na região da axila, em geral do mesmo lado do caroço) e também a presença de uma retração na pele.  Em situações mais graves do câncer de mama masculino, é possível também ocorrer uma retração do mamilo, acompanhada ou não de sangue na região. Quando esses sinais são detectados, é imprescindível a pronta consulta médica para que o diagnóstico seja realizado, inclusive  com a realização de uma biópsia e de exames de estadiamento da doença para se avaliar a extensão da mesma. 


Tratando o câncer de mama masculino


Como a mama masculina é pequena e os nódulos estão atrás do mamilo, geralmente não temos como fazer cirurgias conservadoras (que retiram apenas parte da mama). A cirurgia costuma ser a retirada de toda a mama com a aréola e o mamilo tendo de sair como margem de segurança (mastectomia total), com a cirurgia axilar (retirada de um gânglio – linfonodo sentinela – ou de vários gânglios da axila) no mesmo tempo cirúrgico.

Outros tratamentos podem ser necessários, como nas mulheres: quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e bloqueio dos hormônios. Tudo vai depender do tamanho do tumor e de suas características biológicas.



 USANDO A GENÉTICA NA AVALIAÇÃO DO PROGNÓSTICO E TRATAMENTO


 Os pesquisadores identificaram vários subtipos genéticos que podem ajudar a descobrir o prognóstico de um homem.  Isso inclui tumores que apresentam rearranjo cromossômico mais complexo e altos níveis de metilação.  Além da categoria tipicamente responsiva ao estrogênio, acredita-se que exista um tipo muito menos comum de câncer de mama masculino que seja resistente à terapia hormonal.  Esse subtipo está associado a mutações que causam transição mesenquimal epitelial, um processo que transforma as células epiteliais que revestem várias superfícies internas do corpo em células cancerígenas invasivas difíceis de matar.


 Pode ser possível capitalizar essas mudanças como uma maneira de monitorar a doença, observando sua atividade ao longo das vias de sinalização celular;  isso pode ser conseguido através de imagens com exames de PET, que podem visualizar uma substância injetada no corpo à medida que ela se acumula nas células cancerígenas.  Além disso, essas falhas genéticas podem se tornar tratáveis com novas terapias direcionadas ao metabolismo do câncer. 


 Outra pista para se determinar  quais medicamentos funcionarão contra o câncer de mama masculino: os genes associados à motilidade celular são diferentes no câncer de mama masculino e no câncer de mama feminino.  Os cientistas acreditam que isso sugere que quimioterapias nas famílias dos alcalóides e taxanos da vinca, ou medicamentos recentemente desenvolvidos, como epotilonas ou eribulina, podem funcionar.

 

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