As campanhas anuais que alertam sobre a importância da conscientização para os cânceres de mama (Outubro Rosa), próstata (Novembro Azul) e pele (Novembro Laranja) são extremamente bem-sucedidas e têm cumprido seus objetivos junto à população.

 

 


Entretanto, outros cânceres igualmente importantes e que provocam altas taxas de incidência e mortalidade no país não têm tido o mesmo destaque na mídia e nas redes sociais. É o caso do câncer de estômago, por exemplo, um dos cinco tumores malignos mais comuns no Brasil, com uma incidência de aproximadamente 21 mil novos casos por ano.


O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não-melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelo de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

 


O câncer de estômago também apresenta uma mortalidade alarmante, perfazendo um total de cerca de 16 mil óbitos anuais, o que o coloca como a terceira causa de mortes por câncer no Brasil. No mundo, é o segundo câncer que mais mata (800 mil óbitos anuais), superado apenas pelo câncer de pulmão.


Cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com câncer de estômago têm mais de 50 anos. O pico de incidência se dá em pessoas, em sua maioria homens, por volta dos 70 anos de idade. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCa), as estimativas de novos casos da doença para 2022 chegaram a 21.230, sendo 13.340 homens e 8.140 mulheres, colocando esse tipo de câncer como o quarto mais letal de incidência no país.

 




O câncer de estômago, também chamado de câncer gástrico, ocorre quando células anormais no estômago começam a crescer e se dividir de forma descontrolada. Esse órgão, fundamental ao processo da digestão, pode ser dividido em três partes: fundo, corpo e antrogástrico, sendo que qualquer um desses segmentos pode ser comprometido pela doença.


A elevadíssima taxa de mortalidade justifica-se por seu diagnóstico, habitualmente feito já em uma fase tardia da doença, quando não há mais possibilidade de cura pelo tratamento cirúrgico. Estima-se que somente 25% a 30% dos pacientes portadores de câncer gástrico obtenham cura pela cirurgia. Cerca de 35% deles, sequer são operados, devido ao estado avançado e irressecável do tumor. Muitas vezes, o tratamento complementar com quimioterapia ou radioterapia é empregado, mas com modesto incremento nas taxas de cura.


As elevadas taxas de mortalidade usualmente são devidas ao diagnóstico tardio da doença, pois os sintomas iniciais que podem levar ao diagnóstico mais precoce frequentemente não são valorizados, não sendo incomum a automedicação com o emprego de “digestivos”, antiácidos, drogas antiulcerosas, antiespasmódicos etc., que acabam por mascarar e procrastinar o diagnóstico correto da doença, pois os sintomas do câncer gástrico se confundem com os de doenças benignas, como a úlcera péptica, as “gastrites” e as alterações funcionais da motilidade do estômago.

 

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