Dados de estudo revelaram que as pessoas vivem de 80% a 90% do tempo em ambientes fechados. Nesse cenário, os designers têm focado ambientes cada vez mais pensados na experiência do usuário, indo além de um espaço apenas bonito e “instagramável”.
Uma nova vertente do design tem chamado a atenção por sua preocupação com a experiência das pessoas dentro dos estabelecimentos. Isso porque o ser humano passa cerca de 90% do tempo em locais fechados, segundo estudo National Human Activity Pattern Survey, realizado pela instituição americana Berkeley Lab Energy.
Seja em casa, no trabalho, no restaurante, na escola, no escritório, na academia ou até mesmo em coworking, as pessoas concentram suas atividades diárias em ambientes internos. Nesse contexto, o neurodesign estuda as percepções humanas e aprofunda os conceitos dos cinco sentidos para proporcionar um espaço acolhedor e que gera bons relacionamentos.
O arquiteto Felipe Bende, acredita que esse conceito se destaca em um movimento contrário aos ambientes “instagramáveis”, termo usado para locais que geram boas fotos nas redes sociais.
“O design vai muito além de um ambiente bonito. Ele precisa ser funcional e proporcionar para as pessoas uma experiência inesquecível. É esse cuidado que fará com que os clientes fiquem horas dentro de uma cafeteria conversando com os amigos, ou que incentivará um bom relacionamento e comunicação entre o casal em casa”, explica Filipe, que é supervisor do curso de neuro design do Centro Europeu.
Pensando em oferecer aos designers de interiores e amantes do design uma oportunidade de alçar voos mais altos e, de certa forma, oferecer um projeto com valor agregado, o Centro Europeu, uma das maiores escolas de profissões da América Latina, acaba de criar uma especialização em neuro design.
“Existem diversas questões neurológicas e psicológicas que envolvem o bem-estar das pessoas em casa ou no comércio. Iremos ensinar aos nossos alunos uma forma de criação de projetos cada vez mais humana para que possam ter melhores oportunidades no mercado de trabalho”, afirma Filipe Bender. Para ele, a percepção dos cinco sentidos deve ser explorada ao realizar um projeto de design, e esse tem sido um diferencial no mercado de trabalho.
“A experiência do usuário é fundamental. Nós criamos projetos para as pessoas, e os seres humanos são regidos pelos cinco sentidos. Vemos estabelecimentos com um projeto de design tão bonito, mas que fecham em seis meses. Enquanto do outro lado temos cafeterias pensadas no bem-estar em que os clientes passam horas ali dentro”, afirma.
Esta nova visão da arquitetura bate de frente com um fato que ocupou revistas e jornais durante muito tempo: cópia de projetos alheios. A publicação de casas e ambientes diversos, criteriosamente escolhidos, agradavam tanto a quem os via que não era incomum um arquiteto e decorador ser consultado para repetir o que havia feito para fulano ou beltrano.
Os profissionais verdadeiros se negavam sempre a repetir um trabalho já feito para outro cliente. Os folgados topavam a proposta e, no geral, a repetição se transformava em um fracasso para o apaixonado pelo ambiente alheio. Tudo influenciava ao contrário, desde a movimentação da família que não combinava com o resultado até o prazer de morar em ambiente que não era a sua cara, mas do vizinho.