Sei, do fundo de minhas lembranças, que faço parte da história dos Birman, donos da Arezzo. Isso porque comecei a comprar os sapatos deles quando eram vendidos em uma pequena loja na Avenida Getúlio Vargas, na Savassi.
Visitei Anderson na fábrica, nos confins da Gameleira (se não estou errada), e era amiga pessoal de seu irmão Jefferson e da mulher Ana Maria, antes de eles se separarem definitivamente.
Fui também a pessoa que seu filho Alexandre procurou, na redação do Estado de Minas, para mostrar a primeira bota que fez. Queria sondar se poderia lançar esse tipo de sapato sem fazer concorrência com o pai e o tio.
Anderson se mudou para São Paulo quando se separou do irmão. Com o filho, tornou-se uma potência no setor de calçados, com a produção de várias marcas. É por causa disso que estou querendo muito ler “A cada passo”, livro de memórias que ele lançou no último dia 10, em São Paulo.
O livro conta de forma inédita os momentos marcantes de sua trajetória até se tornar um dos maiores empreendedores do Brasil. Traz memórias sobre a construção do que hoje é a Arezzo&Co
Aos 69 anos e pai de cinco filhos – Alexandre, Patrícia, Allan, André e Augusto –, Anderson Birman revela pela primeira vez suas lutas, aprendizados, superações e a criação de um mercado que iniciou em meados dos anos 1970 na garagem da casa dos pais e se tornou a maior house of brands de moda do país.
Atualmente a holding engloba 14 marcas: Arezzo, Anacapri, Schutz, Alexandre Birman, Alme, Brizza, Carol Bassi, Reserva, Oficina, Simples, BAW, Vicenza, Paris Texas e TROC.
O livro também narra a compra da Gypsy, primeira loja conceito em Belo Horizonte, a inauguração das fábricas, a implementação das franquias, o desenvolvimento de novas marcas, a aquisição de outras e a abertura de capital, além da saída de Anderson da empresa em 2013 e a doação das ações da companhia para os filhos.
“Talvez houvesse uma razão para falar abertamente sobre as minhas motivações ao longo da vida, sobre experiências que construíram os primeiros 30 anos da Arezzo, as novas ideias que tenho em mente, agora com um distanciamento saudável do negócio e os cabelos mais brancos. Vaidade seria guardar tudo isso só para mim e não compartilhar sucessos, admitir falhas, assumir aprendizados”, relata Anderson no início do livro.
Com curadoria do diretor criativo Giovanni Bianco, o livro conta com 276 páginas e está disponível na livraria Travessa e no site da Amazon. Todo o valor das vendas será destinado à Casa Transitória, instituição espírita que o autor frequenta em São Paulo e com a qual colabora, oferecendo consultoria estratégica voluntária para o planejamento do futuro da instituição.