Doença crônica e silenciosa que atinge cerca de 62 milhões de pessoas nas Américas, segundo o Panorama do Diabetes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o diabetes tem quase metade dos pacientes (44,7%) sem diagnóstico, número preocupante diante das complicações que ocasiona.
No Brasil, a doença atinge aproximadamente 15,7 milhões de pessoas. Em 2021, o país chegou à sexta posição em número de casos no ranking global da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para 2045, a previsão é de 23,2 milhões de brasileiros diabéticos.
Além do diabetes mellitus tipo 2 (DM2), o tipo mais prevalente da doença (90% dos casos), há o diabetes tipo 1 (DM1), doença autoimune, na maior parte dos casos descoberta na infância ou na adolescência.
No diabetes tipo 2, há resistência ao hormônio insulina produzido pelo pâncreas. São recomendados medicamentos orais e insulina, além de modificações no estilo de vida. Já em pacientes com diabetes tipo 1, há destruição das células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina, com tratamento à base de insulina.
O acompanhamento por meio de testes laboratoriais é essencial em ambos os casos. O exame de hemoglobina glicada é fundamental não apenas para o controle do diabetes existente, mas para identificar casos de pré-diabetes e diabetes de pacientes que ainda desconhecem o diagnóstico.
Novembro é o mês internacional de conscientização sobre o diabetes. Embora a doença seja conhecida, o subdiagnóstico é uma preocupação de saúde pública, informa o endocrinologista Fernando Valente, professor da Faculdade de Medicina do ABC. A seguir, o especialista explica três aspectos da doença:
O diabetes pode ser evitado
Depende. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, cerca de 90% das pessoas com diabetes têm o tipo 2, que se desenvolve principalmente junto a outras condições, como doenças metabólicas, obesidade, hipertensão, colesterol alto e esteatose hepática (gordura no fígado).
O DM1 é doença autoimune e aguda, que se manifesta principalmente por meio de sintomas típicos como perda de peso, sede excessiva, necessidade de urinar com frequência e cansaço. Não pode ser evitado. Quando é diagnosticado, comumente em crianças e adolescentes, normalmente o paciente perdeu de 80% a 90% da função do pâncreas.
O DM2 é mais comum em adultos, principalmente a partir de 40 a 45 anos. Indivíduos com problema de obesidade correm mais risco de desenvolver o diabetes tipo 2 por conta do aumento da resistência à insulina. O pâncreas é mais exigido e isso acaba levando o órgão à situação de exaustão. Nesse caso, quando são feitos exames de rotina, podemos evitar a evolução no caso do pré-diabetes, ou o agravamento da doença quando descoberto em fase inicial. Se o paciente não realiza a glicemia em jejum e a hemoglobina glicada periodicamente, ele pode manifestar o DM2 em fase mais avançada, quando o pâncreas está próximo à falência.
Diagnosticado a tempo, o pré-diabetes pode ser revertido
Verdade. Pré-diabetes é uma forma intermediária entre o padrão normal da glicemia e o diabetes. Essa é uma situação de alerta, pois o risco de desenvolvimento do diabetes é alto, além de aumentar o risco cardiovascular. A condição pode vir acompanhada de triglicérides alto, esteatose hepática e colesterol alto, além de outras comorbidades associadas com o aumento de peso, como a pressão alta. No caso do pré-diabetes, é possível reverter a situação. O paciente terá a indicação de realizar acompanhamento médico adequado para garantir que não desenvolva o diabetes. A pessoa pode voltar ao nível de glicose normal. O rastreio é importante para todos a partir de 45 anos ou antes disso, na presença de fatores de risco.
O diagnóstico tardio pode levar a complicações crônicas
Verdade. A glicose agudamente alta é extremamente perigosa e pode levar à cegueira e ao coma diabético. Há a cetoacidose diabética, que acomete pacientes com DM1. Ocorre quando a pessoa não produz insulina alguma e não se trata corretamente. O sangue fica mais ácido, e isso pode gerar uma série de complicações que podem levar à morte. Outros possíveis problemas são a retinopatia diabética, que pode levar à cegueira, o desenvolvimento da doença renal crônica e, posteriormente a falência renal, que leva à necessidade de transplante. Já a neuropatia diabética leva ao comprometimento dos nervos e pode resultar em risco maior de amputação.