A ansiedade tem se tornado bastante comum em todo mundo. Procurando uma forma de lidar com esse problema, o Centro Nacional para a Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH), do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, publicou estudos que comprovam a eficácia da acupuntura no tratamento da ansiedade. Em 2012, foram feitos 32 experimentos, nos quais os cientistas encontraram resultados positivos, especialmente para esse transtorno.

Segundo Vítor Barbosa, professor e coordenador do curso de pós-graduação de acupuntura na Newton Paiva, um dos principais benefícios dessa prática é combater inflamações diversas. “A ansiedade pode desencadear esses processos em regiões do cérebro. Como a acupuntura tem a capacidade de controlar isso, também auxilia nesse sentido”, explica ele.

De acordo com a medicina tradicional chinesa, trata-se de uma técnica que cria estímulos a partir de pontos específicos do corpo com o uso de agulhas de aço cirúrgico, através de eletroestimulação, e também da aplicação de estímulos com lasers. “A acupuntura age sobre os canais por onde circula o Qi, que em nossa língua tem significado aproximado a energia. Então, impacta em todos os processos que necessitam dela para acontecer, como as funções orgânicas de forma geral. Esse chi percorre por canais, relacionados a cada um dos órgãos, sendo acessados por meio de pontos, chamados de acupontos. Cada ponto desses tem funções específicas”, continua o especialista.

Após novos estudos e com o avanço da tecnologia, foi descoberto que existe uma diferença no tecido dos pontos, assim como na conexão entre as células e a microcirculação sanguínea. Hoje, entende-se que acupuntura tem importante atuação no sistema nervoso central e como o mesmo gera uma resposta para os tecidos. “Nesse sistema existem áreas e entre elas estão os córtex cerebrais. As pesquisas recentes mostram que os estímulos dos acupontos agem em áreas específicas do córtex, que levam uma resposta ao resto do corpo”, explica Vítor.

Quando se fala de ansiedade, muitos dos acupontos estão ligados direto nas sensações desse transtorno. “A medicina tradicional chinesa considera que eles estão associados às alterações do que chamam de cinco almas. Elas são características da personalidade, do comportamento e do caráter das pessoas. Assim, entendemos que a nossa mente reside em nosso coração. Segundo a medicina tradicional chinesa, é nele que reside o Shen, que podemos traduzir como consciência”, acrescenta o coordenador.

Existem vários tipos e causas de ansiedade. Dependendo da necessidade, são utilizadas combinações de pontos diferentes. “Uma vez estimulados vão gerar a centralização e acalmar o shen. Ou seja, vai acalmar a mente e os pensamentos.” Isso ocorre porque a prática traz também a sensação de relaxamento muscular, diminuindo a tensão. “Também pode melhorar o sono, fazendo com que o paciente tenha a possibilidade de acordar com corpo e mente descansados”, esclarece Vítor.

Por conta do progresso das pesquisas, hoje sabemos que pode ajudar na modulação da serotonina e dopamina, que são hormônios relacionados ao bem-estar. “Ela reduz a quantidade de cortisol, que traz o estresse e a adrenalina. E tem se mostrado eficaz na síntese de neurotrofinas, proteínas importantes para o crescimento dos neurônios e para a recuperação dos mesmos, que acabam entrando em degeneração quando há a presença de transtornos como a depressão e a ansiedade”, complementa o especialista.

O especialista explica, entretanto, que uma pessoa que está enfrentando o transtorno de ansiedade não deve deixar de buscar outros tratamentos. “Deve continuar o acompanhamento psiquiátrico, a terapia e o uso de medicamentos. A acupuntura vem para complementar.”

Dessa forma, continua, o resultado será ainda mais duradouro. Depende muito da disciplina e de como o corpo irá reagir. Logo, pode variar de acordo com a idade, com os hábitos e com a dedicação do paciente em manter o efeito. “Tudo isso influencia. Alguns fazem um ciclo de seis sessões e não vão mais apresentar os sintomas durante um ou dois anos. Por outro lado, alguns passam mais de cinco anos sem apresentar os sintomas”, exemplifica Vítor.

compartilhe