O doutor em educação e pesquisador de inclusão Lucelmo Lacerda envia informações para ajudar na escolha da escola mais adequada para estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

 

As instituições particulares são muito diferentes entre si, observa Lacerda. “Em algumas, podemos acentuar a presença de processos técnicos de inclusão fabulosos e há outras que são receptivas e dedicadas ao estudante com ou sem deficiência. Assim, a primeira coisa a se fazer é observar sua região e o que ela pode ter de especial”, aconselha.

 

No entanto, o especialista pondera que esta regra não é geral. “A maioria das escolas particulares não tem espaço para o tempo, por vezes diferenciado, da pessoa com o transtorno,para a conscientização da sala de aula e para o extenso planejamento individualizado de que estas crianças precisam e ao qual têm direito”.

 

Nota técnica já esclareceu em 2013 que a lei 12.764/12 obriga instituições de ensino particulares a pagar pelo mediador escolar sem cobrar a mais por isso. Porém, isso ocorre poucas vezes, observa Lacerda. “E não nos esqueçamos do efeito mágico do autismo sobre as vagas de matrícula de muitas delas, que desaparecem instantaneamente tão logo se comunique o diagnóstico”, observa.

 

“Noutra ponta, temos as escolas públicas, que normalmente não conseguem fazer com que as crianças aprendam tanto quanto nas particulares – exceções mais notórias são as mistas com ensino técnico, como os institutos federais. No entanto, quando falamos de inclusão escolar, a verdade é que elas estão muito mais abertas, com maior disposição de ouvir outros sujeitos, como terapeutas, adaptar processos e concentrar esforços em crianças com deficiência”, informa.

 



 

Lacerda lista diferenças em favor da escola pública: “Há receptividade maior da pessoa com deficiência; há maior probabilidade de conseguir o mediador escolar sem judicialização – se houver, o processo é contra a prefeitura e não a diretora; há estrutura mínima de inclusão, geralmente com uma professora de sala de recursos multifuncionais.”

 

O educador pondera que fatores como a violência ou intensa rotatividade docente podem atrapalhar o desenvolvimento da criança com TEA. “Dificilmente temos um sistema técnico adequado para a inclusão, com equipe preparada para situações de agressividade ou para a adequada avaliação e programação de ensino.” A seguir, Lucelmo Lacerda sugere pontos de reflexão para pais ou responsáveis pelo aluno ou aluna:

 

“Um Asperger academicamente muito bom e com problemas leves de socialização pode se beneficiar de conteúdo mais forte na escola particular, desde que apoiado com intervenções em habilidades sociais. Uma criança mais moderada a severa tenderá a não acompanhar um ritmo forte e pode destoar em uma escola tradicional, seja pública ou particular. Há casos reiterados de violência entre os alunos da escola? Se sim, melhor evitar. O dinheiro gasto em escola particular falta na intervenção adequada? Se sim, talvez não seja boa opção”, afirma.

 

“Devemos nos lembrar de que a intervenção adequada para autismo infelizmente não é oferecida pelo poder público e é bastante cara”, prossegue Lacerda.

 

“Arcar com seus custos e também financiar a escola particular é inacessível para a maior parte da população. Assim, se houver risco de a escola particular ameaçar o financiamento da intervenção, melhor preferir a escola pública e garantir que haja equipe terapêutica dedicada a seu filho que apoie sua inclusão escolar”, sugere.

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