O vírus sincicial respiratório (VSR) é bem conhecido por pais de crianças pequenas, sendo uma das maiores causas de infecções respiratórias em bebês e também um dos principais vírus associados à bronquiolite. Mas o que muitos não sabem é que o VSR também pode ser motivo de alerta para a população adulta, podendo ocasionar diversas complicações e infecções graves em idosos. Recentemente, a Anvisa aprovou a primeira vacina no país contra o VSR, da biofarmacêutica GSK, para a imunização em adultos com 60 anos ou mais.

 

O VSR é um vírus altamente contagioso e pode afetar o sistema respiratório, como nariz, garganta, brônquios e pulmões. Em idosos, também é incidente, mas é pouco conhecido e subdiagnosticado. A razão para a preocupação nesta faixa etária é que a doença geralmente ocorre com uma frequência semelhante à gripe, porém com circulação que se inicia em março e se estende até a primavera – e há risco de desfechos graves, como piora de quadros de doença pulmonar, pneumonia grave e até óbito. Segundo pesquisas, a letalidade pode ser até 20 vezes maior em adultos mais velhos do que em crianças.

 



 

“O vírus sincicial respiratório é um vírus comum, de fácil contágio, e geralmente causa sintomas leves, que podem ser confundidos com um resfriado, como coriza, tosse, febre e mal-estar. Mas em idosos e adultos com certas condições médicas, o VSR pode causar infecções mais sérias. As condições crônicas de saúde, que levam ao maior risco de hospitalização, são pessoas com diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma e insuficiência cardíaca congestiva (ICC)”, explica Lessandra Michelin, infectologista e gerente médica de vacinas da GSK.

 

Semelhante a algumas outras infecções respiratórias como a gripe e a COVID-19, o VSRpode ser facilmente transmitido através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar, contatos próximos, como beijo, ou por superfícies contaminadas. Pessoas infectadas geralmente transmitem o vírus por até oito dias e, além disso, podem propagá-lo um ou dois dias antes de começarem a apresentar os primeiros sinais da doença. No entanto, alguns indivíduos, especialmente aqueles com sistema imunológico enfraquecido, podem continuar disseminando o vírus mesmo depois de cessarem os sintomas, por até quatro semanas.

 

Nos Estados Unidos, anualmente, segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o VSR leva a aproximadamente de 60 a 160 mil hospitalizações e de 6 a 10 mil óbitos em adultos com 65 anos ou mais.

 

No Brasil, entre 2020 e 2022, foram notificados mais de 30 mil casos da doença, com taxa de letalidade de 20,77% em 2022 em adultos de 60 anos ou mais. Em 2023, dados do INFOGripe mostram que letalidade foi de 19%.

 

“Estudos mostram que a infecção por VSR pode ser uma causa significativa de DPOC e exacerbações de asma. Idosos com DPOC podem ter até 13 vezes mais probabilidade de serem hospitalizados devido a complicações do VSR. Portadores de asma podem ter até 3,6 vezes mais possibilidade de hospitalizações e de diabetes até 11 vezes mais. Já em idosos com insuficiência cardíaca congestiva, a doença pode ser ainda mais preocupante. Eles possuem até 33 vezes mais riscos de serem hospitalizados”, detalha a infectologista.

 

Além da prevenção através da vacinação – que estará disponível no país em 2024 para a população com 60 anos ou mais –, algumas outras medidas podem ajudar a prevenir o contágio e transmissão, como lavar as mãos frequentemente; evitar tocar no rosto, nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes; limpar e desinfetar superfícies que são tocadas com frequência; e evitar sair de casa quando estiver doente.

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