Pesquisas investigam o envelhecimento biológico em oposição ao envelhecimento cronológico -  (crédito: Pixabay/reprodução)

Pesquisas investigam o envelhecimento biológico em oposição ao envelhecimento cronológico

crédito: Pixabay/reprodução

Novidade acaba de ser descoberta. Trata-se da medição da idade cronológica do paciente por meio de um relógio especial epigenético. 

Equipe de investigadores europeus desenvolveu um novo teste de bioquímica que analisa o DNA para entender o quão bem o corpo está envelhecendo em contraste com sua idade cronológica. Trata-se do primeiro desses exames de ponta a ser comprovado com precisão em ambiente clínico, tanto em tecidos saudáveis quanto não saudáveis. 

O trabalho desenvolvido por meio de parceria da Universidade de Glasgow, na Escócia, com o Karolinska Institute, de Estocolmo, na Suécia, foi publicado no Journal of Internal Medicine. Os resultados são parte de um estudo envolvendo efeitos do envelhecimento, doença renal crônica e seus tratamentos associados. 

A equipe estudou mais de 400 pacientes com doença renal crônica para compreender melhor o impacto dela no envelhecimento, inclusive durante o tratamento de diálise e após o transplante renal. Foram utilizados vários testes, incluindo biomarcadores sanguíneos, autofluorescência cutânea e relógios epigenéticos. 

Os relógios mediram a mudança na idade biológica de cerca de 47 pacientes um ano após o transplante renal, ou um ano após o início do tratamento de diálise, além de como o tecido saudável em 48 controles envelheceu. 

Os resultados mostraram que para pacientes com doença renal crônica, o relógio biológico está funcionando mais rapidamente do que o da pessoa média. Esse continua a ser o caso mesmo após o tratamento de diálise. Na verdade, os relógios biológicos dos pacientes só diminuíram após o transplante de rim. 

No entanto, embora todos os relógios epigenéticos mostrassem quadro semelhante, pesquisadores descobriram que nenhum dos relógios atuais poderiam ter sua eficácia comprovada em ambientes clínicos. Sendo assim, todos foram considerados imprecisos quando testados em tecidos saudáveis ao longo do tempo. 

Para resolver esta questão, a equipe desenvolveu um relógio epigenético novo e mais preciso – o Relógio Glasgow-Karolinska –, que funciona em tecidos saudáveis e não saudáveis. Os resultados da novidade coincidiram com o que médicos observaram em pacientes com doença renal crônica e também pareceram avaliar com precisão os tecidos saudáveis. 

O estudo é o primeiro teste do mundo real de relógios epigenéticos em um cenário de envelhecimento normal e em relação a parâmetros clínicos. 

Enquanto o corpo envelhece, vários fatores levam a alterações epigenéticas e à perda de uma etiqueta química (metilação) do seu DNA. Isso está frequentemente associado a doenças comuns ao envelhecimento, como doença renal crônica, câncer e doenças cardíacas. 

O professor Paul Shiels, principal autor do estudo da Universidade de Glasgow, disse que é a primeira vez no ambiente clínico que se pode relatar com precisão a extensão do envelhecimento biológico em oposição ao cronológico em pacientes com doença renal crônica. 

“Os resultados, utilizando o novo Relógio Glasgow-Karolinska, mostram que não só esses pacientes envelhecem mais rapidamente do que as pessoas da população em geral, como o seu envelhecimento acelerado só abranda depois de terem feito transplante. O tratamento com diálise não parece ter impacto no processo”, afirmou. 

Nesse contexto, desenvolveu-se teste mais preciso, que pode medir com exatidão as marcas de metilação no DNA de tecidos saudáveis e não saudáveis. 

“A marcação de metilação do DNA é impactada pelo que comemos e também pelo microbioma intestinal. Como resultado, esse novo relógio tem potencial real de avaliar intervenções no estilo de vida, incluindo dieta, que poderiam beneficiar o público e ajudar a resolver questões como desigualdades em saúde”, informa o especialista.