Nozes e dieta mediterrânea influenciam positivamente a fertilidade masculina
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Nozes e dieta mediterrânea influenciam positivamente a fertilidade masculina

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Impressiona o número de casais com problemas para engravidar e a quantidade de moças perdendo filhos nos primeiros três meses de gravidez. Não sei se sempre foi assim, só tomamos conhecimento disso agora, por causa do avanço da ciência, da medicina e, consequentemente, dos novos exames. Fato é que a infertilidade tem sido muito frequente e, na mesma proporção, surgem avanços no tratamento para o homem e para a mulher. 

Diversos estudos apontam o declínio da fertilidade, um fenômeno mundial. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que uma em cada seis pessoas em idade reprodutiva sofre de infertilidade. Os casais que vivenciam o problema questionam sobre medidas que podem ser adotadas para aumentar as chances de gravidez. A boa notícia é que mudanças no estilo de vida são extremamente benéficas.

Fernando Prado, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, explica que a dieta é muito relevante. Estudos destacam certos padrões alimentares como benéficos para a fertilidade, como é o caso da dieta mediterrânea. 

Revisão publicada no periódico científico Advances in Nutrition informa que um alimento específico pode ajudar a melhorar a fertilidade, especialmente masculina: as nozes. Para chegar a essa conclusão, pesquisadores analisaram estudos sobre a relação entre dieta e fertilidade em pessoas em idade reprodutiva (18 a 49 anos) por um período mínimo de três meses. 

“A distinção quanto ao tempo de acompanhamento do estudo é fundamental pelo fato de a produção e a maturação dos espermatozoides levarem cerca de 76 dias para serem completas em condições normais”, explica o médico. 

Foram selecionados quatro estudos que somavam 875 participantes, sendo 646 homens e 229 mulheres. Apesar da limitação de dados sobre a fertilidade feminina encontrada na pesquisa, descobriu-se que homens que consumiam pelo menos 60g de nozes por dia apresentavam parâmetros de qualidade seminal (contagem, motilidade e morfologia dos espermatozoides) significativamente melhores em relação ao grupo de controle, que não consumia esse alimento. 

“O consumo de nozes se destaca como possível medida para melhorar a saúde reprodutiva dos homens graças ao alto teor de gorduras poli-insaturadas, ômega-3, fibras, vitaminas, minerais e polifenóis presentes nesse alimento”, afirma o doutor Fernando Prado. 

O benefício foi constatado mesmo em combinação com a dieta ocidental, que é um dos fatores associados ao declínio da fertilidade masculina e da redução da qualidade seminal observada nas últimas décadas. A dieta ocidental apresenta quantidade excessiva de gorduras saturadas, carboidratos refinados e proteínas animais, além de ser pobre em fibras, vitaminas e minerais, o que faz com que esteja associada a altos níveis de inflamação. Há fortes evidências de que a inflamação do organismo pode afetar severamente a fertilidade. 

O estudo auxilia a identificar alimentos específicos que oferecem benefícios para a fertilidade, o que pode ajudar pessoas que têm hábitos alimentares muito distintos e encontram dificuldades para adotar um certo padrão alimentar. O estudo incluiu diversos tipos de nozes além da noz convencional, como pecan, pistache, amêndoa, avelã, amendoim, pinhão, castanha-de-caju e castanha-do-pará. 

Porém, é importante destacar que a pesquisa possui limitações, como o número pequeno de artigos revisados e dados escassos sobre a relação entre o consumo de nozes e a fertilidade feminina. Mais estudos são necessários para realmente confirmar os benefícios do alimento na melhora das chances de gravidez. 

Até lá, para melhorar e manter a fertilidade, o médico recomenda alimentação balanceada, com consumo aumentado de gorduras poli-insaturadas e flavonóides e baixa ingestão de carboidratos simples, carnes vermelhas e alimentos ultraprocessados. 

Dê preferência para fontes de proteína vegetal, carboidratos de baixo índice glicêmico, laticínios com alto teor de gordura e frutas e vegetais ricos em vitaminas E e C, que são poderosos antioxidantes. Além disso, evite fumar e consumir bebidas alcoólicas, pratique exercícios físicos e controle o estresse. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)