Temos visto várias mulheres beirando os 100 anos e até ultrapassando essa marca
 -  (crédito: Pixabay/reprodução)

Temos visto várias mulheres beirando os 100 anos e até ultrapassando essa marca

crédito: Pixabay/reprodução

Outro dia, comecei a pensar sobre a longevidade. No início dos tempos, o homem vivia quase mil anos. Adão viveu 930; seu filho Sete, 912; Matusalém foi quem viveu mais tempo, 969 anos. E por aí vai. Eles tinham filhos aos 170 anos ou mais. Mas o homem ficou mau e Deus resolveu mudar a regra do jogo. Viu que o homem estava vivendo tempo demais e tendo chance de fazer muita coisa ruim. Cortou o barato do ser humano e reduziu drasticamente o nosso tempo de vida.

 
Lá em Gênesis 6, versículo 3, Ele disse que por causa dessa perversidade, o homem só viveria 120 anos. Ou seja, se o ser humano vivia em média 950 anos, Deus reduziu este tempo para menos de 15%. E como é o dono da bola – como diz uma amiga –, Ele é quem dita as regras.

 
Histórias bíblicas à parte, fato é que a vida média era de 75 anos em 2022, segundo o IBGE – 79 anos, para as mulheres; 72, para os homens. Porém, nós temos visto ultimamente várias pessoas beirando os 100 anos e até ultrapassando essa marca. Provavelmente, por causa dos avanços da medicina e da ciência, no que diz respeito a prevenção, cuidados com a saúde e vida mais saudável.

 
Dona Judith dos Mares Guia, muito conhecida na sociedade mineira, viveu 109 anos. A artista plástica Leda Selmi Dei Gontijo viveu 104. Aos 101, fez uma grande exposição no Minas 1 e deu várias oficinas durante a mostra. Comprovadamente, as mulheres vivem mais.

 

 
Quando estava escrevendo este texto, recebi um e-mail de Hamilton Gangana e Rogério Eduardo Pacheco sobre a mãe de Rogério, que está completando 100 anos nesta quinta-feira. Faço o registro aqui, em homenagem a esta guerreira longeva mineira, pedindo desculpas por ter cortado bastante da história devido ao espaço de que dispomos:

 
“Zelita Fagundes Pacheco nasceu em 22 de fevereiro de 1924, em Pouso Alto, distrito de Serro, Minas Gerais. Filha de Zenólia e Antônio Fagundes, foi criada, com oito irmãos, em uma pequena propriedade, fonte produtora de alimentos para o sustento da família. O pai de Zelita morreu cedo, obrigando a viúva a vender a pequena fazenda e se mudar com os filhos para Belo Horizonte, em 1938.

 
A necessidade fez todos os filhos trabalharem, inclusive Zelita, que aos 16 anos se tornou babá na casa do arquiteto italiano Raffaello e de dona Araci Berti, que se encantaram com a menina, tornando-se, depois, amigos e compadres. Muito bonita, educada e atenciosa, Zelita chamou a atenção de Francisco Damázio Pacheco, amigo do chefe de disciplina do Colégio Afonso Arinos. Ele promoveu uma festa na escola, onde foi aluno, para se aproximar dela. Entre namoro, noivado e casamento, foi um ano. Aos 19, Zelita se casou com Francisco, em 1943, na igreja de Santo Antônio, tendo como padrinhos seus patrões.

 
Francisco Damázio Pacheco trabalhava na roça, na Zona da Mata. Aos 16 anos, foi a pé para Ouro Preto, sem dinheiro no bolso, atrás de trabalho e melhor futuro. Serviu no 10º Batalhão de Caçadores e no Exército. Casado, já em Belo Horizonte, passou em concurso, se tornou bancário, formou-se em odontologia com o apoio da mulher, Zelita, mãe de quatro filhos pequenos. Francisco inaugurou um consultório na sede do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge).

 
Com força de vontade, o casal juntou dinheiro para tornar realidade um grande sonho: construir a casa própria. Promoveram mutirões, tiveram ajuda de amigos e vizinhos e construíram um barracão na Pompeia, e depois uma casa confortável, na parte da frente.

 
Em 1977, se mudaram para uma nova casa na Cidade Nova. Francisco morreu de infarto, aos 62 anos. Hoje, dona Zelita goza de ótima saúde mental e física, tem memória excelente e continua distribuindo a sabedoria adquirida no dia a dia, com sua capacidade intuitiva de absorver e repassar ensinamentos. Até pouco tempo, cuidou sozinha da casa, sem empregada. Adora tecer crochê e tricô; costura e borda pequenas peças para mesa, panos de copa e cozinha.

 
Perguntada a respeito da família numerosa, dona Zelita responde, com naturalidade, que deixou a maternidade “por conta e obra de Deus, teria tantos filhos Ele quisesse”. Criou 15 filhos: Kleber, Marina, Zuleika, Péricles, Jussara, Francisco, Vital, Alexandre, Rogério, Marcus, Eugênio, Fátima, Márcia, Júlio e Wellington. Tem 30 netos, 23 bisnetos, quatro trinetos, totalizando quase 100 membros da família Pacheco Fagundes.” (Isabela Teixeira da Costa/Interina)