Higienização incorreta da carne de frango pode levar à intoxicação alimentardescrição -  (crédito: Pixabay/reprodução)

Higienização incorreta da carne de frango pode levar à intoxicação alimentardescrição

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Não sei se a maioria dos leitores sabe disso. Eu, até pouco tempo atrás, não sabia. Não se pode manipular frango cru e depois usar a mesma tábua, faca e até as mãos em outros alimentos sem antes lavar tudo o que foi usado – e muito bem, por sinal.

Tomei conhecimento disso assistindo a programas americanos de culinária. Um deles era competição. Os jurados não provaram o prato porque a participante havia cortado o frango e depois usou a mesma tábua, sem lavá-la, para cortar a alface da salada. É o que chamam de contaminação cruzada.

Fui pesquisar e estava lá: frango cru pode abrigar duas bactérias. A Salmonella, já bem conhecida por causar diarreia, e a Campylobacter, responsável por problemas mais graves. Essa última pode desenvolver na pessoa contaminada até mesmo doença autoimune, que faz com que o próprio corpo ataque tecidos saudáveis. E há também a Escherichia coli (coliformes fecais). Desde então, falo com todo mundo sobre isso e me surpreendo, porque a maioria das pessoas desconhece o perigo.

Resumindo: todo mundo tem o costume de lavar o frango cru antes de cozinhá-lo para tentar remover sujeiras, microrganismos e aquela película viscosa que fica entre a pele e a carne. Pasmem! Especialistas afirmam que este hábito pode ter efeito contrário.

“O frango nunca deve ser lavado na cuba da pia ou qualquer outro recipiente. Isso porque a prática favorece a proliferação de microrganismos nocivos que são espalhados com a água nas superfícies ao redor, aumentando o risco de contaminação cruzada de outros alimentos e, consequentemente, de intoxicação alimentar. Então, é importante não lavar o frango. Não há necessidade de se preocupar com bactérias, pois elas serão eliminadas pelo calor durante o preparo adequado do alimento”, explica a médica Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia.

Segundo ela, a intoxicação ocorre quando a pessoa ingere alimentos ou bebidas contaminados por microrganismos, toxinas ou produtos químicos. “Os sintomas geralmente incluem náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, febre, mal-estar geral, fraqueza, fadiga e dores musculares. Esses sinais podem surgir em algumas horas e até alguns dias após a ingestão do alimento contaminado, pois o tempo de incubação varia, dependendo de fatores como o agente patogênico envolvido, a quantidade de microrganismos ingeridos e o estado de saúde geral do indivíduo”, detalha a doutora Marcella.

A endocrinologista Deborah Beranger explica que nos casos mais leves, que tendem a durar pouco tempo e não causam desidratação, o tratamento consiste principalmente em hidratação oral e repouso, além de evitar alimentos ricos em gordura, leites e derivados.

Já em casos mais graves e persistentes, que duram dias e são acompanhados de vômitos, febre alta e diarreia acentuada, é fundamental buscar ajuda médica.

Lavar o frango não é a única causa da intoxicação alimentar. “Além da contaminação cruzada e da ingestão de alimentos contaminados por bactérias, vírus, parasitas, toxinas e produtos químicos, a intoxicação pode ser causada por consumo de água contaminada, armazenamento inadequado dos alimentos e falta de higiene pessoal durante o preparo”, observa Marcella Garcez.

Sobre o ovo, a nutróloga afirma que ele deve ficar dentro da geladeira – nas prateleiras e não na porta. Deve ser lavado somente no momento do consumo, pois a umidade aumenta a chance de proliferação quando o produto é guardado na geladeira após a higienização. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)