A dengue voltou com força total e está fazendo estragos em todas as regiões da capital. Apesar de nunca ter sido erradicada, por alguns anos ficamos livres do excesso de casos, mas desde o final de 2023 o número deles só vem aumentando.

 

Para quem não se lembra, os sintomas da dengue são febre alta (acima de 38 graus), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

 

E tem também a chikungunya, bem pior, porque as dores são muito mais fortes, pelo que já me relataram pessoas próximas que pegaram a doença. Os sintomas são febre acima de 39 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés, mãos, dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer também dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas.

 

O bom é que a vacina pesquisada e desenvolvida pelo Instituto Butantan desde 2009 está na fase 3 de testes, com excelentes resultados, e começará a ser aplicada este mês, gratuitamente, em adolescentes de 10 a 14 anos, a faixa etária com maior número de pacientes internados com a doença.

 

A vacina de dose única com tecnologia nacional mostrou eficácia geral do imunizante de 79,6%, entre participantes sem evidência de exposição prévia à dengue, e de 89,2% entre aqueles com histórico de exposição.

 

Para piorar a situação, especialistas afirmam que a contaminação pelo vírus pode provocar quadros reumáticos. Tanto infecções virais quanto bacterianas causam manifestações reumatológicas, alerta o médico André Lyrio, especialista em artrite e membro da Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR).

 



 

Entre as virais, a mais conhecida é a chikungunya, que pode levar ao processo inflamatório das articulações. “Vem a infecção pelo vírus e, logo em seguida, ainda na vigência do processo infeccioso, já vem um quadro de inflamação articular. Geralmente, são várias articulações acometidas ao mesmo tempo, e a manifestação articular pode durar semanas, meses e, eventualmente, anos. Na chikungunya, geralmente dura seis meses, mas pode perdurar por até dois anos ou se tornar crônica”, destaca o especialista.

 

Lyrio explica que outros vírus são capazes de causar o quadro de dor e artrite, ainda que com frequência menor. Dengue e influenza podem levar à inflamação reumática em decorrência do processo viral. Além dessas, vale considerar infecções virais crônicas, como hepatite C e HIV.

 

“Existe uma correlação bastante importante entre infecção e quadro de dor articular. Quem vai ter isso? O paciente geneticamente predisposto, aumentando o risco de reação cruzada entre a infecção e a articulação. Assim, o corpo entende que essa articulação é parecida com o vírus e ataca”, explica o reumatologista.

 

Para diagnosticar a artrite, é necessária análise clínica. Partindo de que já existe um quadro de infecção, os médicos diagnosticam o quadro articular como secundário ao viral. Eventualmente, podem ser feitos exames de inflamação para quantificar o tamanho dessa manifestação e acompanhar a resposta ao tratamento, que é feito com anti-inflamatórios. Às vezes, podem ser necessárias outras medicações, como glicocorticoides ou imunomoduladores. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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