Pacientes com Alzheimer podem gritar, destruir objetos e brigar, entre outros distúrbios comportamentais
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Pacientes com Alzheimer podem gritar, destruir objetos e brigar, entre outros distúrbios comportamentais

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Há exatos 10 anos, meu marido morreu de Alzheimer. Os primeiros sinais surgiram na mesa de refeições: quando terminava o prato de sopa, ele ficava esperando outro, como se fosse o primeiro. O mais sério ocorreu na redação deste jornal, quando pediu um copo de água. Entreguei o copo e ele não bebeu, preferiu jogar a água em mim.

 


Como nunca tinha acontecido isso, levei-o para casa, fiz com que se deitasse e ele ficou anos assim – sem se manifestar.  Acompanhado por enfermeiros dia e noite, não dava o menor trabalho, como anunciavam ser uma das características da doença.

 

 


Agora, artigo publicado na revista médica Jama Neurology apresentou resultados do estudo feito por George T. Grossberg. Ele e sua equipe descobriram, por meio de ensaio clínico, que o brexpiprazol, medicamento utilizado no tratamento do transtorno depressivo maior e da esquizofrenia, reduziu significativamente a agitação em pacientes com Demência de Alzheimer (DA).

 


O brexpiprazol se tornou o primeiro tratamento desta doença aprovado pela agência de saúde americana FDA associado à agitação, condição desenvolvida por cerca de metade das 6,7 milhões de pessoas com 65 anos ou mais que apresentamDA nos Estados Unidos.

 


Esta agitação abrange inquietação ou comportamento mais agressivo, como gritar, destruir objetos e brigar, por exemplo.

 


Alguns sintomas comportamentais frequentes e graves podem ser extremamente angustiantes para a pessoa que possui o distúrbio, bem como para seus familiares e cuidadores.

 


Medicamentos antipsicóticos são comumente prescritos “off-label” para tratar agressão e agitação.

 


Embora esses antipsicóticos pareçam mostrar benefícios modestos no tratamento da agressão a curto prazo, eles têm efeitos adversos e outros riscos para a saúde que limitam sua utilização durante períodos mais prolongados.

 


“Quando os pacientes com Alzheimer desenvolvem sintomas de agitação, pode ser mais difícil controlá-los”, disse Grossber. “Estou encorajado pelas descobertas deste estudo, que mostram que o brexpiprazol é um medicamento eficaz e bem tolerado que pode tratar os sintomas debilitantes de agitação associados à demência devido ao Alzheimer”, observou.

 


No ensaio clínico multicêntrico de fase 3, os pesquisadores avaliaram a eficácia e segurança do brexpiprazol. O ensaio clínico durou 12 semanas, feito a partir do método “duplo cego”, controlado por placebo, de dose fixa e de um braço paralelo. Envolveu 345 participantes em 123 locais na Europa e nos Estados Unidos.  Contemplou pessoas de 55 a 90 anos que viviam em instituição de saúde ou ambiente comunitário, apresentando diagnóstico de provável de Alzheimer e sintomas de agitação clinicamente significativos.

 


Os participantes do estudo americano foram designados aleatoriamente para receber o medicamento ou um placebo. Para participar, eles deveriam estar estáveis e ter um cuidador que pudesse cumprir os procedimentos do estudo.

 


“Pode ser desafiador cuidar de pacientes com doença de Alzheimer”, comentou George T. Grossberg. “Ter novos medicamentos vai beneficiar pacientes, prestadores de cuidados de saúde e também aqueles que cuidam de seus entes queridos”, concluiu o especialista norte-americano.