Há algum tempo surgiu uma injeção que promete sumir com a gordura e a barriga. Só tem um defeito: raramente pode ser usada por mulheres. Quis fazer uso do milagre e escutei do médico que não podia. O excesso de peso vinha da insulina, que tomo para combater a diabetes. Como prefiro tratar a doença, deixei a injeção de lado.
Acontece que a agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, Food and Drugs Administration, deu luz verde para que um popular medicamento contra a obesidade seja usado, pela primeira vez, para prevenir doenças cardíacas graves, uma decisão que busca ampliar as coberturas dos planos de saúde.
O medicamento Wegovy, produzido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que tem vários produtos em venda de farmácias brasileira, não deve demorar a chegar por aqui. E foi aprovado "para reduzir o risco de morte cardiovascular, ataques do coração e acidente vascular cerebral em adultos com doença cardiovascular, obesidade e sobrepeso", disse a FDA, em comunicado.
A decisão da agência pode ser uma mudança radical para aproximadamente 70% dos adultos americanos que, segundo a FDA, têm obesidade ou sobrepeso, aumentando potencialmente o número de pessoas elegíveis para que seus planos de saúde cubram esses medicamentos injetáveis caros, mas efetivos.
"Esta população de pacientes tem um risco mais alto de morte cardiovascular, ataques do coração e acidente vascular cerebral", disse, em comunicado, John Sharretts, diretor da divisão de diabetes, obesidade e desordens lipídicas da FDA.
"Dar uma opção de tratamento que está comprovada para a redução do risco cardiovascular é um avanço maior para a saúde pública", acrescentou.
A aprovação esteve baseada em um estudo clínico realizado em vários países que envolveu 17.500 pacientes. Metade recebeu o medicamento e a outra metade, um placebo.
Ambos os grupos receberam cuidados médicos padronizados para o manejo da pressão sanguínea e do colesterol e ambos tiveram assessoria sobre um estilo de vida saudável, com dieta e exercício.
No grupo que recebeu Wegovy, a possibilidade de um acidente cardiovascular de importância foi 20% menor.
O Wegovy foi aprovado em 2021 para o tratamento da obesidade, mas muitos planos não o incluíam. A organização de defesa dos pacientes, a Obesity Action Coalition, disse esperar que, agora, com a aprovação de seu uso mais amplo, a situação mude.
A recente popularidade de drogas, entre elas Wegovy e Ozempic, que imitam um hormônio intestinal que reduz o apetite, aumentou os lucros das farmacêuticas que as produzem.
De fato, a Novo Nordisk, fabricante de Wegovy e Ozempic, foi tão lucrativa que ajudou a manter a economia dinamarquesa à tona, de acordo com o banco Danske Bank.