A empresa Medtronic e a Sociedade Brasileira de Cirurgias Bariátricas e Metabólicas (SBCBM) se uniram para ajudar a reduzir a fila das cirurgias bariátricas no Brasil. A Medtronic doou kits cirúrgicos e torres de videolaparoscopia para que cerca de 90 procedimentos fossem realizados por vídeo, método mais seguro. Com menos riscos para os pacientes, possibilita alta em até 24 horas, caso não haja complicações.

 
Gisela Bellinello, vice-presidente da Medtronic no Brasil, diz que o mutirão foi “iniciativa inovadora e necessária, comprovando que parcerias estratégicas podem ampliar o acesso dos brasileiros à saúde”.

 

Em 2023, cerca de 0,2% dos brasileiros com obesidade grave (graus 2 e 3) conseguiram realizar a cirurgia bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o Datasus, foram feitas 7.511 operações dessa natureza no Brasil.

 
No entanto, dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) apontam 1,9 milhão de pessoas diagnosticadas com obesidade grau 2, representando 8,31% da população monitorada (24 milhões), e cerca de 1 milhão com obesidade grau 3 (mórbida), o que representa 4,41% da população monitorada. A soma dos dois grupos equivale a 3 milhões de pessoas com indicação para o tratamento cirúrgico da obesidade.

 



 
Antônio Carlos Valezi, presidente da SBCBM, diz que o volume de cirurgias realizadas no ano passado pelo SUS foi 40,2% menor que o de 2019 (antes da pandemia), quando ocorreram 12.568 operações dessa natureza.

 
“O número total de cirurgias realizadas pelo SUS é de apenas 0,2% do total de pessoas que precisam do tratamento. Enquanto isso, estamos vendo o sistema público recebendo novos casos de pacientes com diabetes – incluindo a necessidade de amputação de membros em consequência da doença –, hipertensão, gordura no fígado e problemas nas articulações ocasionados pela obesidade”, compara Valezi.

 
O Brasil conta com 7,7 mil hospitais em 5.568 municípios. Apenas 98 realizam a cirurgia bariátrica e metabólica. Quatro estados não oferecem o procedimento: Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá. No Norte do país, foram realizados 198 procedimentos; no Nordeste, 701; no Sudeste, 3.563; no Sul, 2.675; e no Centro-Oeste 374.

 

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Cirurgiões ligados à SBCBM integraram, de 4 a 8 de março, a força-tarefa que operou 92 pessoas com obesidade mórbida. Os pacientes aguardavam a cirurgia nas filas do SUS no Paraná, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais.

 
O critério previsto nas portarias 424 e 425 do Ministério da Saúde para realização de bariátrica pelo SUS é o Índice de Massa Corporal (IMC) de 40 kg/m2, com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos.

 

As portarias também permitem a indicação de pacientes com IMC maior que 35 kg/m2 e comorbidades com alto risco cardiovascular, diabetes e/ou hipertensão arterial de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas ou outras sem sucesso no tratamento clínico.

 
Um dos grandes diferenciais da força-tarefa foi realizar as cirurgias por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva. Na cirurgia aberta, o médico precisa fazer um corte de 10 a 20cm no abdome do paciente. Na videolaparoscopia, são feitas de quatro a sete mini-incisões de 0,5 a 1,2cm cada uma, por onde passam as cânulas e a câmera de vídeo. A técnica permite tempo de recuperação mais breve, alta hospitalar antecipada e redução dos riscos de complicações.

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