Considerado uma doença crônica, ou seja, que exige tratamento e acompanhamento contínuos, o diabetes atinge cerca de 537 milhões de pessoas em todo o mundo e deve chegar a 643 milhões até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil são 16,8 milhões de adultos, 10,2% da população, de acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2023). Sou uma das premiadas com a doença e, como já fui atacada por câncer, não sei qual a pior: a que exige controle e cuidado a vida inteira e outra que bem tratada pode ser erradicada.

 

Conforme a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), o diabetes mellitus é caracterizado pela elevação da glicose no sangue, sendo que a maioria dos casos diagnosticados está dividida em diabetes tipo 1 (DM1), quando o corpo não produz insulina, e geralmente identificado na infância; e diabetes tipo 2 (DM2), caracterizado pela resistência à insulina ou produção insuficiente – representa cerca de 90% dos casos, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

 



 

Os sintomas que indicam um descontrole dos níveis de açúcar no sangue em ambos os tipos variam entre fome e sede constantes, diurese frequente, fraqueza, perda de peso, fadiga, náusea, formigamento nos pés e mãos, visão embaçada e demora na cicatrização de feridas. Estar atento aos primeiros indícios e contar com acompanhamento médico adequado é fundamental para tratar essa condição, que pode ser silenciosa e, quando os sintomas surgirem, a doença já pode estar avançada.

 

Embora seja uma enfermidade amplamente conhecida, os pacientes com diabetes ainda enfrentam estigmas sociais devido à equivocada associação da doença a uma dieta pouco saudável ou a um estilo de vida ocioso, entre tantos outros mal-entendidos espalhados, principalmente, nas redes sociais. Para a gerente médica de diabetes da Novo Nordisk, Mônica Palmanhani, a disseminação de informações falsas e a propagação de preconceitos fazem com que os pacientes se afastem do tratamento adequado, colocando em risco a própria saúde. "Na internet, nem todos os profissionais que falam sobre o assunto são especialistas. Buscar fontes confiáveis e a opinião médica é fundamental antes de seguir qualquer dica ou tratamento milagroso", afirma.

 

Pensando nisso, a especialista listou os principais mitos e verdades sobre a doença com o objetivo de propagar o conhecimento, prevenir complicações e salvar vidas. Confira abaixo:

 

1 – Só tem diabetes quem come doce. Mito. Pacientes diagnosticados tendem a se assustar e questionar o resultado justificando que não consomem muito doce, porém, o excesso de açúcar não é a única condição para a manifestação da doença. Pessoas com diabetes tipo 1, por exemplo, já nascem com a doença, sem qualquer relação com a ingestão de doces. Já o mais comum, tipo 2, tem relação com vários fatores de risco que favorecem o surgimento da doença, como idade, sobrepeso, herança genética, obesidade, sedentarismo e até mesmo síndrome de ovários policísticos. É fato que a má alimentação influencia e contribui para o aparecimento de doenças, mas, em se tratando de diabetes, o consumo de doces não é o único fator determinante para o diagnóstico. Todas as pessoas devem evitar o excesso de açúcar e manter uma dieta balanceada para a preservação de sua saúde.

 

 

2 – Estresse descontrola a glicemia. Verdade. Embora não seja responsável por ocasionar o diabetes, o estresse, seja ele causado pelo cansaço, ansiedade, frustração ou qualquer outra razão, é capaz de descompensar a glicemia, e deve ser um ponto de atenção aos pacientes. Por isso, possuir uma rede de apoio auxilia muito o tratamento. Estar rodeado de pessoas queridas proporciona confiança, momentos de descontração, alívio de preocupações e suporte afetivo, o que contribui na manutenção da saúde mental e torna a jornada do paciente mais leve.

 

3 – O diabetes está controlado se uma ferida cicatriza. Mito. Relacionar o diabetes apenas à cicatrização acarreta um risco muito grande ao paciente. A falta de cicatrização de uma ferida e o perigo de amputação são os últimos e mais alarmantes sinais de que o diabetes está completamente descontrolado há muito tempo. Antes da dificuldade de cicatrização, é imprescindível estar atento aos primeiros sinais, como o aumento da frequência de urina, perda de peso, dormência nos pés e visão embaçada, entre outros. Pequenos indícios já são indicativos de diabetes descontrolado e demandam o acompanhamento profissional adequado. A prudência faz parte de todo tratamento, e aguardar a situação chegar nesse ponto para iniciar mudanças efetivas é colocar a vida em risco.

 

 

4 – Pessoas com diabetes não podem doar sangue. Verdade. Mas quando nos referimos a pessoas com diabetes tipo 1, dependentes de insulina, esses pacientes podem ter alterações do sistema cardiovascular e, em decorrência disso, podem apresentar problemas durante ou logo após a doação. Porém, para a maior parte das pessoas diagnosticadas com o tipo 2, essa afirmação é um grande mito. Para os pacientes com DM2, que não utilizam insulina no tratamento, que mantêm os níveis de glicemia controlados e não apresentam alterações vasculares, a doação pode ser realizada sem impedimentos.
Aprendi, ao longo da vida, só usar o açúcar apropriado para a doença, que cumpre seu papel praticamente com o açúcar comum.

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