Na semana passada, falamos aqui sobre os riscos de queda dos idosos, ao comentarmos a Semana Nacional da Tontura. E não é que recebi agora material muito bom da doutora Nathália Prudencio sobre o tema? Ela faz o alerta de que nem toda tonteira é labirintite.

 

Como acredito que se trata de algo de grande relevância, retomo o assunto e publico a seguir o texto da otorrinolaringologista especialista em tontura e zumbido:

 
“Labirintite é praticamente o sinônimo popular de tontura ou vertigem, mas o que poucos sabem é que essa relação dificilmente é verdade. A tontura é realmente um dos sintomas da labirintite e de diversas outras doenças. É muito comum que as pessoas cheguem ao consultório já certas do diagnóstico, mas são poucos os casos em que a suspeita se confirma. A labirintite, na verdade, é um quadro raro, e o mais provável é que a tontura ou vertigem esteja relacionada a outras condições.

 



 

A labirintite é caracterizada por inflamação ou infecção do labirinto, localizado na orelha interna. Como o labirinto é responsável pela audição e pelo equilíbrio, a tontura pode surgir. Há tratamentos muito eficazes para essas infecções que podem ser administrados precocemente, resolvendo o problema em alguns dias. Então, dificilmente a infecção evoluirá e acometerá o labirinto. Por isso, o diagnóstico de labirintite é raro, são poucos os casos que evoluem a esse ponto.

 
O mais provável é que quadros de tontura e vertigem estejam relacionados a outras doenças do ouvido interno, como a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), que é a mais comum. Popularmente conhecida como tontura dos cristais ou labirintite dos cristais, apesar de não terem relação, a doença causa vertigens frequentes que surgem quando o paciente faz movimentos com a cabeça ao se levantar e ao se deitar na cama, por exemplo.

 

A ausência de sintomas auditivos é um sinal importante de que a origem da tontura não é labirintite. Apesar de a tontura ser o sintoma mais comum, a labirintite vem acompanhada de náuseas e vômitos, vertigem, suor, zumbido no ouvido, perda de audição ou nistagmo, que são pequenos movimentos involuntários dos olhos.

 

Portanto, preste atenção nos diferentes aspectos da tontura. Ela é breve ou prolongada? É caso isolado ou as crises têm surgido com frequência? Tem algum sintoma associado? Há algum gatilho?

 

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Sentir tontura com frequência nunca é normal. Esse sintoma pode prejudicar seriamente a qualidade de vida do paciente, aumentando o risco de quedas e criando dificuldades no dia a dia. Algumas pessoas sentem tontura simplesmente ao levantar da cama, o que pode ser a tontura ortostática causada pela queda repentina da pressão arterial ao mudar de posição.

 

Outras pessoas podem sentir vertigem, além de enjoo e dores de cabeça, durante viagens, o que chamamos de cinetose.

 

Então, devemos sempre buscar a causa da tontura, que pode envolver, além de problemas no ouvido, doenças neurológicas e cardíacas, alterações sistêmicas e efeitos colaterais de medicações.

 

É indispensável procurar o especialista. Geralmente, o diagnóstico é dado a partir dos relatos do paciente, avaliação médica e alguns exames. A labirintite se resolve com o tratamento correto, que envolve repouso, alimentação balanceada, hidratação e uso de medicamentos para aliviar os sintomas, além de antibióticos, caso se trate mesmo de infecção bacteriana.” (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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