Na terça-feira, 30 de abril, fui ao Hospital da Baleia para a solenidade de entrega do Selo Empresa Amiga 2023, que eles fazem anualmente em agradecimento a quem ajuda a instituição. A presidente da Fundação Benjamim Guimarães, Tereza Guimarães Paes, disse que pesquisa do Datafolha, divulgada em dezembro do ano passado, apontou que a maior preocupação do brasileiro é com a saúde, desbancando violência e segurança.
E não é para menos. A demanda pelos serviços de saúde está enorme. Os pronto-atendimentos dos hospitais têm ficado lotados. Quando é necessária a internação, o problema aumenta ainda mais. Não canso de ouvir relatos de pessoas que esperam mais de seis horas para serem atendidas na emergência, independentemente da idade que tenham.
Os pacientes ficam dia e noite no PA aguardando vaga para internação. Na quarta-feira (1º de maio), uma amiga de 82 anos foi ao PA levar o marido, de 93, após consulta virtual, por indicação da médica.
Chegaram por volta das 11h. Demoraram muito para serem atendidos. Ele sentado em uma cadeira, com febre, e ela em pé. Depois do atendimento, diagnóstico fechado – se não me engano está com pielonefrite –, ficaram sabendo que ele precisaria ficar internado para receber antibiótico venoso, porque o oral não estava fazendo efeito. Nada de vagas. Só depois das 21h conseguiram uma cama no PA para ele e uma cadeira para ela.
Lembrei-me na mesma hora das incansáveis matérias que fizemos tanto para o Estado de Minas quanto para a TV Alterosa, mostrando o descaso e a superlotação de hospitais do SUS, que deixam doentes em macas no corredor. Lá, pelo visto, estava pior, porque nem maca não tinha, era cadeira e olhe lá, porque o acompanhante ficava em pé. E nem pensem que o plano deles é ruim, ao contrário, é dos melhores. E apesar de o contrato ser bastante antigo, pagam mensalidade muito salgada.
Tiveram que passar a noite na emergência na esperança e torcida de que no dia seguinte conseguiriam vaga naquele hospital ou em outro parceiro.
Pelo visto, já foi a época em que essas coisas aconteciam só no SUS. Agora, acontece para todo lado, com atendimento gratuito e particular também. Tenho uma sobrinha – que tem plano de saúde – e prefere ir ao posto de saúde para atendimentos de urgência. Diz que anda mais rápido e é muito bem atendida.
Uma conhecida ficou com algumas sequelas da COVID. Passou meses indo a vários médicos de várias especialidades, e ninguém descobria o que ela tinha. Até descobrir que o Hospital Sara Kubitschek (SUS) tinha um grupo de médicos de várias especialidades fazendo um trabalho com pacientes pós-COVID com sequelas. Ela foi lá, se inscreveu, foi aceita, e está sendo tratada, com um resultado muito positivo. Tudo 100% SUS.
Tenho um tio que foi picado por um inseto na floresta em Macapá, capital do Amapá. Deu uma erisipela bolhosa na perna dele, que, em três dias, comprometeu grande parte da musculatura do membro afetado. Foi no fim de 2019.
Ele não conseguia andar, emagreceu muito e, quando ficou a ponto de correr o risco de perder a perna, o trouxemos para BH. Ele não tem plano de saúde, entrou pela central de leitos, em um ou dois dias foi internado no Hospital Metropolitano Célio de Castro.
Uma maravilha, o hospital. Descobriram qual era a bactéria, trataram, limparam, fizeram o enxerto. Sucesso total. Aí o hospital precisou se transformar para atendimento total da COVID. Deram alta para ele, que foi para a casa de minha mãe, em Santa Luzia. A cada dois dias, ia uma equipe de enfermagem para trocar o curativo da perna dele.
Não é impressionante? O cenário está mudando. Plano de saúde vale mesmo é para exames e consultas, porque doente que precisa de exame pelo SUS pode esquecer da vida, demora demais.
Algumas pessoas já estão avaliando que pagar cerca de R$ 55 mil por ano para um plano de saúde não está fazendo muita diferença no quesito atendimento. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)