A cirurgia estética na região íntima feminina está cada vez mais popular. Estes procedimentos alteram a aparência dos órgãos genitais externos e podem ser realizados sem que a mulher tenha qualquer doença ou anormalidade.
De acordo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a ninfoplastia (ou labioplastia), feita na região da vulva, é a cirurgia mais realizada no país nos últimos anos. Mas também são feitas intervenções no clitóris, períneo, na entrada da vagina e no canal vaginal.
Segundo a cirurgiã plástica Tatiana Turini da Cunha, a faixa etária que mais busca por essas cirurgias são as mulheres entre 28 e 34 anos, tanto por questões de estética quanto por queixas funcionais, porque muitas sentem medo e vergonha ao se despirem durante o sexo.
São vários tipos de cirurgias íntimas. Entre as mais comuns, estão: ninfoplastia (para reduzir os pequenos lábios vaginais); redução e reposição do clitóris (responsável pelo prazer, geralmente a glande do clitóris é semelhante a uma ervilha, no entanto, há casos de hipertrofia – aumento exagerado); e correção dos grandes lábios vaginais (o envelhecimento interfere no formato da região).
“Como toda cirurgia, existem riscos, como não alcançar o resultado idealizado pela paciente, deixando-a insatisfeita, infecções locais, com necrose de tecidos, cicatrizes grandes, dolorosas ou esteticamente inadequadas, alterações de sensibilidade local e hematomas”, destaca Marair Sartori, professor e chefe do Departamento de Ginecologia da Universidade Estadual de São Paulo (Unifesp) e presidente da Comissão Nacional Especializada de Uroginecologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
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No entanto, riscos maiores, que ameacem a vida, são raros. Mas é imprescindível que a mulher busque um cirurgião plástico credenciado e que os procedimentos sejam realizados em um hospital.
Uma coisa já é certa: após cirurgia íntima, mulheres têm melhora da autoestima e do desejo sexual. Pesquisa inédita brasileira mostrou que após ninfoplastia 87,6% das mulheres experimentam grande melhora na autoestima e 82,7% relataram maior interesse, desejo e satisfação nas relações sexuais.
A pesquisa aponta que não existe um motivo único que leva uma mulher a realizar a labioplastia. Os resultados indicam vários: estética e vergonha (21,4%), estética (17,7%), estética e sintomas físicos (14,2%), sintomas físicos (3,6%), vergonha (2,4%), vergonha e sintomas físicos (2,4%) e todas as opções anteriores (38,2%). Entre as mulheres que realizaram o procedimento, 89,3% delas relatam terem resolvido seus sintomas e queixas, enquanto 10,7% afirmam que houve melhora parcial.
A grande maioria das mulheres (95,9%) mencionou não ter sofrido nenhuma influência externa para realizar a cirurgia (como amigas, marido, redes sociais ou internet). No geral (37,2%), demoram mais de três anos para realizar a operação desde a primeira vez em que pensaram na cirurgia. E 92,6% delas afirmaram que depois de terem se submetido à ninfoplastia acharam que deveriam ter realizado o procedimento antes.
Outros dados
87,6% das mulheres relataram experimentar grande melhora na autoestima e uma relação mais positiva com o corpo após a cirurgia; 11,6% dizem que observaram pouca melhora; e apenas 0,8% não sentiram diferença. Quanto ao desejo, interesse pelo sexo e satisfação nas relações, 64,5% das mulheres dizem que melhorou muito, 18,2% melhoraram um pouco, 14,9% não sentiram diferença e 2,5% delas não tinham relações sexuais antes da operação.
Com relação à sexualidade, outra questão foi apresentada as mulheres: você acha que antes de fazer a labioplastia seu interesse em receber sexo oral ficava prejudicado? A maioria (66,1%) respondeu que sim. Dessas, 45% relatavam vergonha, 28,7% evitavam receber e 18,8% se negavam a receber sexo oral. Após a labioplastia, o interesse em receber sexo oral aumentou expressivamente: 83,8% das mulheres afirmaram que a cirurgia melhorou muito, 13,8% um pouco e só 2,5% delas afirmaram continuar não gostando ou não praticando. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)