À medida que vamos envelhecendo e amadurecendo, conseguimos observar mais as pessoas e com isso enxergamos melhor as coisas. Tenho notado que a inveja está muito mais presente do que eu percebia antes.

 
Irmãos, amigos, colegas de trabalho com um sentimento que não deveria existir, porque na maioria dos casos existe o laço de afetividade e amor sinceros. Eu me pergunto como sentimento tão ruim entra de forma tão sorrateira, fica ali, dissimulado, e se manifesta muitas vezes de forma sutil, em outros momentos de forma latente e gritante. Acredito que a inveja traz com ela o ciúme, dois sentimentos complexos e profundamente enraizados na natureza humana.

 



 
A inveja surge quando a pessoa percebe que outra possui algo que ela deseja, seja uma conquista, um bem material, uma característica física, etc. O motivo pode ser baixa autoestima, insegurança, competição ou até mesmo a sensação de injustiça.

 

Já o ciúme está relacionado à posse, ao medo de perder algo ou alguém considerado importante. Esse sentimento está presente nos relacionamentos amorosos, familiares, amizades, no ambiente de trabalho e em outros contextos também. O ciumento tem medo de perder o objeto de seu afeto para uma terceira pessoa, o que gera angústia, insegurança e desconfiança.

 

Os dois sentimentos podem levar a fofocas, intrigas, competição desleal, sabotagem e até mesmo agressões físicas ou verbais. Podem afetar a saúde mental e emocional das pessoas, tanto do invejoso e ciumento, quanto da vítima. Ambos fazem parte da condição humana, mas é fundamental aprender a lidar com eles de maneira saudável.

 
O autoconhecimento, o desenvolvimento da gratidão e o cultivo de relações saudáveis e equilibradas são algumas estratégias para superá-los. Se nada disso adiantar, é preciso buscar ajuda profissional para trabalhar a aceitação de si mesmo, valorizar as próprias conquistas e qualidades, sem se comparar com o outro.

 


O que as pessoas fazem com as outras por inveja é de surpreender. Conseguem minar confianças, destruir autoestimas, gerar insegurança com comentários negativos sutis ou críticas disfarçadas. Algumas pessoas chegam a sabotar a pessoa e até difamá-la. Isso leva o outro a se sentir culpado em relação ao próprio sucesso.


Um dos piores motivos é a inveja pelo simples fato de a pessoa ser como é. Não precisa fazer sucesso em nada, ter ganho algo nem ser destaque. A simples existência dela é motivo de inveja. É loura e eu não; é morena e eu não; é bonita e eu não. Ou é mais alegre, mais extrovertida. É mais alta, tem um sorriso mais bonito. Ou é mais simpática, carismática.


Quando tinha 18 anos, fui para a Europa em excursão com o saudoso Palhano Júnior. Foi ótimo. Sempre olhei as coisas pelo lado bom, nunca fui de reclamar. Alguns dos hotéis em que ficamos não tinham padronização de quarto. Dividi o quarto com uma moça, Bia, que conheci na excursão e era como eu.


O quarto era minúsculo, uma das camas de campanha no corredor, com a cortina mequetrefe separando. Mas o banheiro era enorme, maravilhoso. Quando disseram que meu quarto tinha o cortinado da Sissi e poderíamos até dançar valsa no banheiro, foi o que bastou. Várias mulheres reclamaram, queriam trocar de quarto.


Tivemos de levá-las para ver que nós não éramos privilegiadas. Quando entraram no quarto, ficaram até com dó. Foi uma peleja. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

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