Há pessoas que são muito cuidadosas com as roupas. Geralmente, pessoas mais velhas, que aprenderam com as mães esses cuidados. Conheço algumas que têm peças adquiridas há 30, 40 anos, e parecem saídas da loja.
No inverno passado, quando via tricôs belíssimos e impecáveis, daqueles que não existem mais, não me contive e comecei o interrogatório. Como eu sou meio intrometida, bastante curiosa e tenho intimidade, comecei perguntando onde foi comprada aquela blusa tão linda.
Uma dessas amigas é Denise Guerra, conhecida por guardar as boas roupas que adquiriu ao longo da vida. As casuais, de usar no dia a dia, não, mas camisas de seda pura, ternos de gabardine, vestidos de festa. Enfim, o que é bom ela guarda. Fico só pensando no tamanho do seu closet. Como mora sozinha, devem ser quartos de vestir.
Denise me respondeu, com a maior naturalidade, que aquela peça havia sido comprada em uma de suas viagens à Europa, há mais de 20 anos. Ela mesma a lavava à mão, não torcia, deixava secar à sombra, na horizontal. Tudo com muito cuidado, sempre respeitando as indicações da etiqueta, que são linguagem universal.
E eu, arrasada com minhas blusas de lã foscas e com bolinhas... Coloco todas na máquina de lavar e meto bronca. Só separo as pretas das brancas e das coloridas. As que podem soltar pelos, coloco em saquinhos. Está aí o máximo do meu cuidado, que, pelo visto, é nenhum. A prova está no resultado: anos-luz de diferença. E o pior é que para desgaste da roupa não tem retorno.
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Passei a observar a etiqueta das minhas roupas. O baldinho com água indica que podemos lavar na máquina. Se traz número dentro, é a temperatura máxima da água que o tecido ou o tingimento aceitam. Se tem mãozinha dentro, babau, nada de máquina, é preciso lavar à mão. Se tiver um X riscado, quer dizer que a peça não pode ver água, só lavagem a seco. Sugiro que nem comprem esta roupa, porque vai dar muita dor de cabeça.
O triângulo representa uso de alvejante. O quadrado faz referência à forma de secagem. Com círculo dentro e um ponto, pode usar a secadora com temperatura mínima; com dois pontos, temperatura máxima. Se tiver X, não pode usar secadora. Se o quadrado tiver abinha em cima, parecendo envelope, pode secar dependurada; se tiver três traços na vertical, pode pendurar, mas não pode torcer; e se tiver um traço na horizontal, a roupa deve secar na horizontal.
O desenho do ferro significa que a peça pode ser passada – o número de pontos representa a temperatura. O círculo faz referência à lavagem a seco. Se tiver letras dentro, remete a quais produtos podem ser usados, e a lavanderia vai entender.
Tenho observado que as fábricas estão colocando etiqueta de lavar à mão em todas as peças, até na blusa de malha normal. Isso está me cheirando a manobra para elas se isentarem de reclamações por causa de problemas pós-lavagem.
Outra que é ótima para dar dicas de limpeza é a cabeleireira Laura Nunes, do LG Studio. Certa vez, estava lá, pintando meu cabelo, e pingou um pouco de tinta no terno branco dela. Fiquei chateadíssima, mas Laura nem se preocupou. Disse que o sabonete Lux branco tira tudo. E provou ali, na hora. É igual mágica.
Ela deu a receita: dois sabonetes Lux em um litro de água. Pique os sabonetes, ponha na água, leve ao fogo até derreter e misture. Deixe esfriar e pronto. É uma boa solução. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)