Muitos pacientes querem um médico que cuide deles dos pés à cabeça, como um todo e não por partes
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Muitos pacientes querem um médico que cuide deles dos pés à cabeça, como um todo e não por partes

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Meu pai foi médico, formado em faculdade do Rio de Janeiro. Clinicou até morrer de um problema simples de coração, que é resolvido hoje pela desobstrução de uma artéria. Não tive a sorte de acompanhar sua carreira, porque tinha pouco mais de 2 anos quando ele se foi. Mas sei muito de sua vida profissional pelo que escutei durante muitos anos dos pacientes e suas famílias em Santa Luzia.

 

 

 


Pelos casos e curas, fica-se sabendo que naquele tempo a medicina especializada era para poucos. Bastava ser médico – de tudo – para atender a todos. Desde unha encravada até males cardíacos, partos ou cirurgias variadas. Ser médico era ser santo para pacientes e familiares.

 


Sinto falta disso nos dias atuais, quando sofro todas as dores provocadas por uma queda e problemas que atacam os idosos. Queixo das dores que me atacam e, avalio, podem ser dos rins e continuo com elas.

 


Nenhum dos médicos a quem já consultei me mostrou que elas não são só da minha queda – podem ser problemas orgânicos. Padeço com a tonteira que me impede de fazer movimentos simples que podem me levar ao chão – para tratá-la, só me recomendam pílulas.

 


Já fiz uns dois ou três exames da coluna, do corpo e da cabeça e continua tudo na mesma. Se tenho que me levantar à noite por qualquer motivo e não espero a tonteira passar, corro o risco de cair, o que já me aconteceu várias vezes.

 


Agora, para me precaver, uso aquela invenção que se chama “andador”, assim consigo andar sem cair.

 


Pior mesmo é a cabeça, que em certas horas parece estar vazia. Acredito que parte desses problemas seja responsável pela surdez que me ataca. Mas como posso definir o que é real e o que é suposição?

 


Apesar de todas essas desditas, já passei por problemas sérios, quando fui prontamente atendida. Só cânceres já tive dois, um no seio, operado por Henrique Salvador, e outro no intestino, por Marcus Martins da Costa.

 


O primeiro me deixou com aquele problema principal, o linfoedema, que é o aumento do gabarito do braço (fui operar na Itália para ficar livre do defeito).

 


Quanto ao intestino, tive mais sorte: informei ao excelente cirurgião que se fosse preciso fazer colostomia, ele deixasse o câncer no lugar, porque não aguentaria carregar aquela bolsa de fezes. Tinha uns 7cm de folga e a única chatura foi ter de fazer tratamento, que deixei na segunda sessão, porque ia morrendo da quimioterapia.

 


Doutor Salvador foi me alertar sobre a suspensão do tratamento, que poderia resultar na volta do câncer, e me deu 15 dias de folga das aplicações. Contei que não voltaria nunca, preferia morrer da doença que do tratamento. Fiquei com minha teimosia e acabei me livrando das consequências, com a ajuda dos céus.

 


Só que agora ando em busca de tratamento mais formal. Pensei primeiro em me internar para fazer check-up, mas fui desaconselhada.

 


Busco um geriatra fodão, que me olhe dos pés à cabeça, como um todo – e não por partes, para juntar daqui e dali. Que procure o ponto principal do desânimo que sinto o tempo todo, das dores no corpo, principalmente nas pernas, e da cabeça, que parece sempre estar vazia. E me devolva integralmente o tipo de vida que sempre vivi. Em sua totalidade.