Muitos leitores devem ter visto na internet o vídeo de uma jovem de 20 anos fazendo birra com a mãe, na rodoviária de Goiânia, por ter ganhado um iPhone 13 – ela queria ganhar um 15. A indignação foi total, como a minha quando me mostraram a gravação.

 


Para quem não assistiu, foi mais ou menos assim: a mãe dá o novo celular. A menina vê que é modelo 13 e reclama, dizendo que quer o 15. A mãe diz que não tem dinheiro para comprar o de última geração, e a filha, aos berros, diz que o problema é dela, que é obrigação dar o iPhone 15.

 



 


A mãe responde que tem o iPhone 11 e deu para a filha um aparelho melhor do que o dela própria. A moça, de 20 anos, responde que não tem nada a ver com isso e quer o 15. Senta no chão, deita e esperneia igual menina de 4 anos birrenta sem educação.


Depois a mãe a levanta, mas ela continua xingando. As pessoas que estavam em volta assistindo à cena olhavam assustadas, mas, por questões óbvias, não se intrometeram.

 

Os comentários do vídeo eram os mais diversos. Alguns execravam a jovem, outros esconjuravam a mãe, dizendo que não soube educar a filha.

 

Jornalista que sou, resolvi investigar a questão. Tudo não passou de armação para ver a reação das pessoas.

 

Mas poderia ter sido uma cena real, porque, de fato, as pessoas estão perdendo a noção de limite.

 

O apelo ao consumo é cada vez maior. Os aparelhos se tornam obsoletos – mesmo estando novos e em excelente funcionamento –, só porque um modelo mais novo foi lançado.

 

Se a coleção de inverno chegou às lojas, queremos comprar. Podemos ter diversos tricôs e blusas de lã, mas queremos a cor da moda, o modelo atual.

 

Para atender a essa demanda toda, os pais se sacrificam. Provavelmente para suprir o sentimento de culpa de trabalhar muito e se dedicar pouco aos filhos? Não sei.


O mercado está no papel dele. Afinal, vivemos em um país capitalista, onde o que vale é vender e lucrar.

 

Qual É o foco da indústria? Vender para o lojista e ajudar o lojista a vender para o público. Eles farão de tudo para não perder esse foco. E nós seremos seduzidos pelos apelos, campanhas e ofertas.

 

Caberá a nós ter discernimento, impor limites e dizer não. Colocar um basta.

 

O fato é que estamos, a cada dia, mais consumistas, e isso não nos traz mais alegria. Ao contrário, estamos insatisfeitos e sem limites.

 

Está passando da hora de pararmos para pensar no que estamos nos transformando. (Isabela Teixeira da Costa/Interina)

compartilhe