Atriz Jada Pinkett Smith, esposa do astro Will Smith, tem alopecia areata e decidiu raspar os cabelos devido à doença -  (crédito: Michael Tran/AFP/1/12/22)

Atriz Jada Pinkett Smith, esposa do astro Will Smith, tem alopecia areata e decidiu raspar os cabelos devido à doença

crédito: Michael Tran/AFP/1/12/22

 

 

Queda de cabelo não é sempre igual. Além da famosa calvície, ou alopecia androgenética, a alopecia areata é outro problema comum que leva à perda dos fios, afetando, inclusive, pessoas mais jovens. “A alopecia areata é uma doença inflamatória e autoimune que ocorre quando as células do sistema imunológico atacam o folículo piloso, fazendo com que deixe de produzir o fio e gerando falhas. A extensão varia caso a caso, podendo restringir-se a pequenas áreas circulares ou afetar todo o couro cabeludo”, explica Danilo S. Talarico, médico e professor de cirurgia capilar e tricologia.

 


“Apesar de haver possibilidade de os fios voltarem a crescer sozinhos, já que os folículos pilosos não são destruídos, essa não é uma garantia. Além disso, muitas vezes, a doença ocorre de maneira cíclica, com períodos de queda e renascimento dos fios. Então, o tratamento adequado é fundamental, especialmente porque a alopecia areata pode causar impacto importante na autoestima”, acrescenta o especialista.

 

 


O doutor Talarico diz que, felizmente, novas possibilidades de tratamento têm surgido. Pesquisadores de Harvard e MIT criaram um adesivo com microagulhas capaz de regular o sistema imunológico no local, impedindo que essas células ataquem o folículo para combater o processo de queda. A descoberta foi publicada em abril no periódico Advanced Materials.

 


O adesivo é feito de ácido hialurônico e polietilenoglicol, substâncias biocompatíveis com o organismo e muito usadas em aplicações médicas. “Essa combinação possibilita o desenvolvimento de agulhas duradouras capazes de penetrar na pele de forma completamente indolor e entregar o medicamento diretamente no alvo necessário, pois ultrapassam a camada mais externa da epiderme, o que muitos cremes não conseguem fazer”, afirma o médico.

 


Para o tratamento de alopecia areata, a combinação das citocinas IL-2 e CCL-22 foi incorporada aos adesivos.

 


“A associação dessas citocinas ajuda a recrutar células imunológicas específicas que vão se proliferar para ajudar a conter a inflamação. Além disso, também mostra ao sistema imunológico que os folículos não são agentes estranhos, fazendo com que pare de atacá-los”, explica.

 


O adesivo foi testado em camundongos, sendo aplicado nos animais em dias alternados por um período de três semanas. Após esse período, os camundongos apresentaram menor inflamação e crescimento de pelo no local tratado sem qualquer efeito adverso no sistema imunológico no restante do organismo. E os fios que voltaram a crescer permaneceram por diversas semanas após o fim do tratamento.

 


O adesivo também foi testado em camundongos com sistema imunológico humanizado enxertado com pele humana, o que mostrou resultados positivos.

 


Os pesquisadores ainda ressaltam que a composição do adesivo o torna extremamente versátil para ser usado com qualquer medicamento, podendo também servir como uma medida valiosa no tratamento de outras condições de pele, como vitiligo, psoríase e dermatite atópica.

 


O adesivo vem para somar nas possibilidades de tratamento da alopecia areata, com vantagens sobre as opções terapêuticas disponíveis atualmente.

 


“Além de atuar diretamente no local afetado pela doença para regular o sistema imunológico em vez de suprimi-lo, o adesivo é indolor e muito prático, podendo ser aplicado em casa pelo próprio paciente, garantindo assim mais conforto e qualidade de vida”, destaca Danilo Talarico.