O aumento do uso de canetas emagrecedoras no Brasil já é uma realidade. Prova disso é o medicamento estar constantemente esgotado nas farmácias, apesar do alto preço. O fato de ser comercializado sem a necessidade de receita médica contribui para agravar a situação.
Como é indicado para tratamento do diabetes, achei preocupante as pessoas o usarem à revelia, pois, com o tempo, isso poderia alterar ou desestabilizar o organismo saudável. Quando encontrei com meu médico Walter Caixeta, papa da endocrinologia, perguntei sua opinião. Ele respondeu tranquilamente que esses medicamentos eram muito melhores e não fazem mal como os inibidores de apetite, que contêm anfetaminas e agem no sistema nervoso central.
Mesmo assim, o ideal é que o uso das canetas se dê sob rigorosa supervisão médica e orientações nutricionais detalhadas. O suporte nutricional é fundamental, pois alimentação equilibrada associada a suplementos contribui para a eficácia do tratamento. Porém, devem ser levados em conta efeitos adversos que alguns usuários sentem, como náuseas, vômitos, diarreia e constipação.
Em alguns casos, os efeitos são tão fortes que a pessoa nem consegue usar o medicamento. Segundo o nutrólogo Nataniel Viuniski, especialista em obesidade, a perda de músculos, um dos efeitos indesejados, piora a qualidade de vida e é prejudicial para a saúde, porque desequilibra o metabolismo e dificulta a manutenção de resultados, favorecendo o efeito sanfona.
Veja a seguir ajustes recomendados pelo nutrólogo para minimizar os efeitos adversos das canetas:
Perda de músculos – Além de praticar exercícios de força (levantamento de peso), o paciente precisa garantir o consumo de alimentos ricos em proteínas de boa qualidade em todas as refeições (frango, peixe, proteína isolada de soja, cortes magros de carne vermelha), inclusive nos lanches (queijo, barras de proteína, iogurtes, ovos). A quantidade de proteínas necessária para manter ou ganhar massa muscular depende da intensidade e frequência do exercício praticado, podendo variar de 1,2g a 2g por quilo de peso.
Azia – O sintoma surge pela alteração da produção de ácido clorídrico durante o processo digestivo. Evite alimentos gordurosos (alguns tipos de carnes e queijos), assim como vegetais com alto teor de fibras, como brócolis, couve-flor e repolho, que são de difícil digestão.
Náusea – Prefira pequenas porções de alimentos distribuídas ao longo do dia. Priorize alimentos baixos em gorduras e fibras. Evite líquidos durante as refeições.
Constipação – Depois da náusea, é o efeito digestivo mais frequente. É importante ingerir de 25g a 30g de fibra alimentar todos os dias. Não deixe de consumir diariamente cinco porções de frutas, verduras e hortaliças divididas ao longo das refeições e lanches.
Diarreia – É importante aumentar a ingestão de líquidos com baixo teor calórico e, sobretudo, sem açúcares, como água ou chás. Devem ser evitados alimentos que estimulam o sistema digestivo até que o efeito adverso se normalize, como café, bebidas alcoólicas, alimentos com alto teor de fibras, vegetais cozidos e sem casca, adoçantes sorbitol, xilitol, maltitol e manitol.