A infertilidade por fator exclusivamente masculino corresponde a 30% dos casos -  (crédito: Reprodução)

A infertilidade por fator exclusivamente masculino corresponde a 30% dos casos

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Não é verdade que a infertilidade seja um problema exclusivamente feminino. E, cada vez mais, pesquisadores fazem alertas para o que ficou conhecido como spermageddon, ou apocalipse espermático (Spermpocalypse): a queda da quantidade de espermatozoides em homens do mundo todo.

 

Estima-se que a contagem de espermatozoides caiu entre 50% e 60% nas últimas quatro décadas. “Uma baixa contagem de espermatozoides, ou oligospermia, é uma condição na qual a concentração de espermatozoides no sêmen ejaculado é muito baixa para promover a fertilização natural de um óvulo”, explica Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita.

 


“Geralmente é definido como uma contagem de espermatozoides abaixo de 20 milhões/ml de sêmen, embora pesquisas mais recentes coloquem o limite abaixo de 15 milhões. Esse é um problema cada vez mais comum, principalmente por conta da mudança do estilo de vida”, diz o especialista.

 
A infertilidade por fator exclusivamente masculino corresponde a 30% dos casos e em 20% o problema é diagnosticado conjuntamente no homem e na mulher. “Geralmente, essa infertilidade é causada por deficiências de esperma. Ela pode ter múltiplas causas nos sistemas reprodutivo e não reprodutivo, mas a maioria dos casos tem origem desconhecida”, completa o médico.

 


Ele explica que a principal causa de infertilidade masculina é a varicocele, que são as veias dilatadas na bolsa testicular. “A varicocele atinge 15% dos homens e começa a afetar a produção de espermatozoides já na adolescência. É uma condição progressiva e pode causar azoospermia, uma condição caracterizada pela ausência de espermatozoides no líquido seminal ejaculado”, diz o médico.

 

“Além disso, ainda temos: questões de exposição ambiental; níveis baixos de andrógenos como no hipogonadismo; distúrbios genéticos, como a síndrome de Klinefelter; trauma testicular; testículos que não desceram na infância; atrofia testicular pós-inflamatória; obstrução nos ductos espermáticos testiculares após dano, doença, inflamação ou obstrução congênita; cirurgia testicular anterior; uso de testosterona, esteroides anabolizantes, quimioterapia e certos antibióticos ou antidepressivos que podem reduzir a contagem de espermatozoides; estilo de vida ou fatores ambientais, incluindo infecções sexualmente transmissíveis, aumento da temperatura local dos testículos, abuso de álcool ou drogas e cigarro”, diz o médico.

 

“A oligospermia é diagnosticada com base na análise do sêmen, na qual a quantidade e a qualidade dos espermatozoides de uma amostra de sêmen coletada pelo homem são analisadas em laboratório. Se os resultados forem considerados anormais, o teste é repetido três meses depois para confirmação”, destaca Fernando Prado.

 

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Os kits caseiros para contagem de espermatozoides não têm respaldo científico sobre sua precisão. “Além disso, outros parâmetros do esperma não são verificados, incluindo a morfologia e a motilidade do esperma, ambos fatores importantes que afetam a fertilidade masculina. Por esta razão, podem ser falsamente tranquilizadores e atrasar o tratamento quando necessário. Eles também podem fornecer contagens falsamente baixas em alguns casos”, completa o médico.

 

O especialista explica que paciente com contagens de espermatozoides limítrofes ainda podem conceber um filho com sucesso. “Algumas modificações no estilo de vida e o aumento da frequência das relações sexuais para uma vez a cada dois ou três dias, especialmente na época da ovulação da mulher, são aconselháveis para aumentar as chances de concepção”, diz o médico.