Brasileira Rebeca Andrade conquistou ontem medalha de ouro no solo em Paris e se tornou a maior medalhista olímpica do Brasil
 -  (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Brasileira Rebeca Andrade conquistou ontem medalha de ouro no solo em Paris e se tornou a maior medalhista olímpica do Brasil

crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press

 

Ontem (5/8), Rebeca Andrade subiu novamente ao pódio para receber a sua sexta medalha olímpica: ouro no solo. Com a conquista, a ginasta brasileira se tornou a maior medalhista da história do Brasil. Em 1º de agosto, a atleta recebeu a medalha de prata do individual geral da ginástica artística nos Jogos de Paris 2024.

 


Mas o caminho de Rebeca até o pódio foi marcado por desafios. A ginasta já precisou passar por três cirurgias, devido a lesões do ligamento cruzado anterior (LCA), que é a principal causa de indicação cirúrgica entre atletas.

 

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“O ligamento cruzado anterior (LCA) é responsável por estabilizar a articulação do joelho, principalmente em momentos de aceleração e desaceleração ou em movimentos de giro. Justamente por esse motivo, a lesão dessa estrutura é tão comum em esportes que exigem mudanças frequentes de posição, como o futebol, ocorrendo devido à torção do joelho. O mecanismo do trauma geralmente envolve a movimentação do joelho para dentro, ao mesmo tempo em que a tíbia é rotacionada para fora e o pé está preso ao chão”, explica Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).


É claro que não são apenas atletas profissionais que estão suscetíveis a sofrer com esse tipo de lesão, que também pode afetar esportistas amadores e até mesmo não praticantes de atividades físicas, por exemplo, devido a quedas. “Obesidade, fraqueza muscular, sobrecarga de treinos, idade avançada, hipermobilidade articular, joelho valgo (para dentro) e lesões prévias do LCA são alguns dos fatores que podem favorecer a ocorrência desse tipo de trauma”, diz o especialista.

 

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A lesão do ligamento cruzado anterior é geralmente acompanhada de um estalo seguido por uma dor súbita no joelho.


“Após o momento do trauma, o paciente pode notar inchaço e redução da mobilidade e instabilidade da região, com a sensação de joelho frouxo e falhando”, afirma o médico. Ele alerta que a intensidade dos sintomas pode variar de acordo com a gravidade da lesão, com algumas pessoas conseguindo realizar atividades normalmente, enquanto outras sentem dores com o menor dos movimentos.


“Na dúvida, o mais importante é sempre buscar auxílio médico ao suspeitar de uma possível lesão do LCA, tanto para confirmar o diagnóstico quanto para verificar a ocorrência de outras lesões comumente associadas, como lesões do menisco e das cartilagens”, esclarece o ortopedista.


Segundo o doutor Cortelazo, aquecimento e alongamento adequados antes da prática esportiva, prática de exercícios de fortalecimento muscular e equilíbrio e uso de calçados adequados para o exercício e terreno são alguns dos cuidados necessários para prevenir a lesão do LCA, além de evitar a sobrecarga nos treinos e prestar atenção à fadiga muscular.

 

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No entanto, uma vez que a lesão tenha ocorrido, o ortopedista poderá indicar o tratamento adequado, que, na grande maioria dos casos, exige intervenção cirúrgica.


“Geralmente, o tratamento cirúrgico só não é indicado para pacientes idosos, sem lesões associadas, que não realizam atividade física e com a estabilidade do joelho preservada. Caso contrário, a cirurgia é recomendada para reconstruir o ligamento rompido, com baixa capacidade de cicatrização por si só”, diz o especialista.


O médico explica que a cirurgia é pouco invasiva, por ser realizada por videoartroscopia, e utiliza enxertos de tecidos, como tendões, retirados do próprio paciente para reconstrução do LCA. “Mas tão importante quanto a cirurgia é o processo de reabilitação pós-operatória, que, se realizada de maneira inadequada, pode comprometer o sucesso do tratamento. Esse processo envolve, principalmente, sessões de fisioterapia, com foco, inicialmente, na recuperação dos movimentos e, depois, no fortalecimento do ligamento.”


A boa notícia é que, hoje, com os avanços nas técnicas de cirurgia e reabilitação, grande parte dos pacientes consegue retornar à prática esportiva no mesmo nível de intensidade e performance, o que não acontecia antes, quando muitas carreiras eram encerradas por esse tipo de lesão.


“Para isso, é fundamental que o tratamento seja adequado e o retorno seja gradual, de acordo com a velocidade de reabilitação do paciente e sempre com liberação do médico. O tempo necessário para que o atleta retorne às atividades pode variar de acordo com cada caso, mas é importante que esse processo não seja apressado, pois retornar precocemente à prática esportiva pode aumentar significativamente o risco de lesões no joelho”, finaliza Marcos Cortelazo.