Certa vez, tomei conhecimento de um homem que foi jantar sozinho no restaurante. Envergonhado demais para admitir que estava só, fingiu ser crítico de gastronomia e pegou o caderno de notas quando seu pedido chegou.

 

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Mas os tempos mudaram e o estigma de jantar sozinho desapareceu, pois muitas pessoas vivem dessa forma. Hoje, há mais clientes fazendo reservas só para um.

 

 


 

Semana passada, minha prima saiu com as amigas e achou o maior barato a mulher sentada sozinha na mesa ao lado, com seu celular ligado – provavelmente, em alguma série ou filme. Pediu entrada, prato principal e sobremesa, sem a menor pressa. Aproveitou a noite naquele belo ambiente, vendo as pessoas ao redor e desfrutando ali do que faria solitariamente dentro das quatro paredes de casa. E ela era da geração X.

 

Na plataforma americana OpenTable, reservas individuais on-line em restaurantes com mesas aumentaram 8% nos 12 meses encerrados em 31 de maio, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

 

 

Pesquisa com 2 mil consumidores realizada em junho, também encomendada pela OpenTable, descobriu que 60% dos consultados jantaram sozinhos em 2023, incluindo 68% dos entrevistados da geração Z e da geração Y.

 

Algumas pessoas preferem fazer refeições individualmente porque é conveniente, evitando cozinhar e lavar louças. Outras querem experimentar novos restaurantes. A geração Y e a geração Z estão impulsionando o crescimento dessa tendência, confirmam tanto as pesquisas quanto donos de restaurantes e observadores do setor gastronômico.

 

 

As mídias sociais tornaram mais fácil encontrar locais adequados para esse tipo de refeição, enquanto tendências demográficas reforçam o novo hábito. Tudo isso é reflexo das grandes mudanças ao nosso redor, disse Stephen Zagor, consultor de restaurantes que leciona na Columbia Business School.

 

Os EUA assistem a um recorde: 30% dos americanos vivem sozinhos. Além disso, as pessoas estão se casando mais tarde e com menos frequência. Hoje, apenas 37% dos americanos de 25 a 49 anos são casados e têm filhos – em 1970, eles eram 67%.

 

 

A atitude do consumidor mudou significativamente. Em pesquisa realizada em 2022 com 1,2 mil pessoas, a Mintel descobriu que 60% delas se sentiam confortáveis comendo sozinhas em um restaurante casual.
Alguns consultados consideram esse hábito uma forma de desligar e se presentear, analisa Robin Chiang, diretor de crescimento da OpenTable. O “tempo para mim” é o principal motivo pelo qual o cidadão prefere fazer refeições individualmente.

 

“Tempo sozinho é muito necessário”. Esse foi o motivo para jantar fora citado em outra pesquisa, realizada em 2023 sob encomenda do Resy, aplicativo de reservas.

 

Restaurantes ajustam estratégias, adicionando mais mesas de chef e assentos no balcão. É uma oportunidade para preencher lugares, pois eles vendem assentos, não mesas.


Anteriormente, clientes que comiam sozinhos preferiam o bar, agora preferem mesas ou cabines mais privadas, apontam levantamentos realizados nos EUA.

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