Estudos realizados com golfinhos pela cientista Stephanie Venn-Watson indicam a eficácia do C15:0 -  (crédito: Pixabay/reprodução)

Estudos realizados com golfinhos pela cientista Stephanie Venn-Watson indicam a eficácia do C15:0

crédito: Pixabay/reprodução

 

 

Pesquisas mostram que um ácido graxo saturado, ausente da nossa dieta há décadas, traz diversos benefícios ao organismo. A Marinha dos Estados Unidos convidou a epidemiologista Stephanie Venn-Watson, também veterinária e cientista de saúde pública, para ajudar a melhorar a condição de golfinhos idosos. Ela descobriu que esses mamíferos envelhecem de forma similar aos humanos e são suscetíveis às mesmas condições relacionadas à idade, incluindo colesterol alto, inflamação crônica e artrite.

 

 


No entanto, nem todos os golfinhos da Marinha desenvolveram tais condições. Stephanie e uma equipe de cientistas decidiram descobrir o porquê.

 

 

 


Usando a metabolômica (estudo dos metabólitos no organismo, tecido ou célula), eles identificaram um nutriente específico, presente em humanos e naqueles animais, que é preditor-chave do envelhecimento saudável em golfinhos. Trata-se do ácido pentadecanoico, ou C15:0.

 


Esse ácido graxo saturado de cadeia ímpar melhorou a saúde e a longevidade dos golfinhos. Venn-Watson, aliás, tornou-se pioneira na pesquisa da substância.

 

 


Explicando melhor: o ácido pentadecanoico é um ácido graxo saturado de cadeia ímpar com 15 carbonos de comprimento. É encontrado em laticínios integrais, alguns peixes, carne alimentada com capim e plantas. Também está no leite que bebês mamíferos recebem desde o nascimento – inclusive os humanos.

 

Evidências crescentes sugerem que o ácido é essencial para manter a saúde básica, mas nossos corpos não conseguem produzi-lo em níveis adequados.

 

A ingestão de níveis mais altos de ácido pentadecanoico se correlaciona com níveis mais baixos de doenças crônicas. Deficiência de ácidos graxos pode contribuir para o transtorno bipolar. Estudos também indicam que a deficiência de C15:0 (menos de 0,2% do total de ácidos graxos) pode levar à síndrome da fragilidade celular.

 

 

Venn-Watson explica que esta síndrome causa envelhecimento acelerado e vulnerabilidades subsequentes a doenças metabólicas, cardíacas e hepáticas. O quadro é revertido quando os níveis dietéticos e circulantes de C15:0 são restaurados.

 

Atualmente, existem dois outros ácidos graxos essenciais: o linoleico (ômega-6) e o alfa-linolênico (ômega-3), rotulados como tal com base no trabalho pioneiro realizado por George e Mildred Burr.

 


No entanto, apesar de novas pesquisas mostrarem os benefícios do C15:0, crenças antigas de que as gorduras saturadas são ruins para nosso corpo perduram, como evidenciado pelas diretrizes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que remontam à década de 1970.

 

Por causa disso, as pessoas comem menos laticínios integrais e os níveis de C15:0 em nossa dieta diminuíram.

 

Estudos em populações humanas incluídos na revisão de Venn-Watson mostraram que pessoas com níveis mais altos de C15:0 têm menor chance de desenvolver diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença hepática gordurosa e esteato-hepatite não alcoólica, a forma mais grave de doença hepática gordurosa.

 

 


Desde o trabalho inovador com golfinhos de Venn-Watson e sua equipe, o interesse científico no C15:0 aumentou, e agora há mais de 100 artigos sobre este ácido graxo e seus benefícios. No entanto, poucas pessoas ouviram falar dele. Estudos recentes mostraram seus efeitos promissores na saúde cardiovascular a longo prazo.