Remédios específicos e médicos enfrentam uma realidade difícil de lidar, repleta de exemplos que não são muito comuns. A vida é cheia de armadilhas, carrega com ela muitas preocupações. Em anos passados, eu acreditava piamente que a vida era bela e assim seria levada. Tudo correria na mais santa paz do Senhor, o corpo seguindo sua rotina.

 

 

Mal sabia eu – como outros da minha idade – que os ditames do corpo obedeceriam às próprias leis. A maioria em dose dupla. As dores de cabeça seriam dobradas, assim como as tonteiras, a bateção no ouvido e outros males do organismo. Não há quem não tenha várias mazelas – e a maioria dos médicos prefere deixar para lá quando não é doença mesmo.

 



 


Um dos problemas que não é considerado doença é a tonteira. O causador sempre são os ouvidos, que não funcionam de forma igual. Quem está deitado ou sentado e quer levantar e sair andando deve dar uma parada para se equilibrar antes de começar a andar.

 


É por isso que vemos tanta diferença entre as idades. Em certas pessoas, o corpo obedece com mais rapidez às “ordens”, outras vão mais devagar. Por esse motivo há quedas, até por causa da sola dos chinelos. Os de sola de couro ou de borracha são craques para jogar a gente no chão.

 

 

Uma boa solução para distúrbios provocados por quedas, quando se chega à meia-idade, são chinelos bem firmes nos pés. Há mistérios que ninguém consegue explicar simplesmente. Para nós, leigos e vítimas do problema, seria a cabeça assumindo seu papel.

 


Na primeira semana de outubro, passei por esse problema. Acordei no primeiro domingo do mês com uma dor incrível na perna direita. Foi colocar o pé no chão e a dor subiu perna acima, parecendo pequenas facadas ou que a carne daquele lado estava sendo arrancada à mão.

 


Peguei logo o andador (aquela engenhoca de tubos de alumínio que nos ajuda a caminhar) e fui enfrentando a tonteira. Mesmo com o andador, quase fui parar várias vezes de cara no chão.

 


Juntei ao andador tudo o que é recomendado para diminuir a tonteira e evitar problemas. Não é pouca coisa. O primeiro cuidado é soltar sobre a perna uma camada de spray contra a dor (naquela semana, usei um produto novo, esguichado do tubo de onde sai um sopro gelado) mais um monte de compridos, um deles específico para dor.

 

 

Sonho bom é esta supermedicação sumir com a dor. Não some, o caminho mais humano é correr para a cama levando a bolsa de água quente para usar onde dói mais. Alivia um pouco, mas na quarta-feira, eu ainda estava carregando a dor que começou no domingo. Alguém há de perguntar como se vive com esse tormento.

 


Na semana seguinte, meu ortopedista, doutor Luiz Cláudio Moura França, veio me examinar, pediu um exame de imagem e, graças a Deus, deu o diagnóstico: inflamação no quadril. Solução? Terei de enfrentar uma infiltração que só pode ser feita em bloco cirúrgico. De cara, fui resistente. Temia ter de tomar mais uma anestesia geral do alto dos meus 90 anos. Mas não precisa, basta a sedação mais forte, porque preciso ficar completamente imóvel.

 


Enquanto isso, o negocio é ir levando, até que uma luz salvadora encontre a solução para os problemas. As pessoas que passam pela situação dessa vida dupla não perdem a esperança de que um dia os tormentos terão fim.

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