Sou fiel admiradora dos pesquisadores. Graças ao incansável trabalho deles, alcançamos grandes avanços na saúde. Quem acompanha minha trajetória profissional sabe como sou apaixonada por medicina – influência do meu pai, que era médico. Mesmo com o pouquíssimo convívio que tive com ele, guardo profunda admiração por sua história e dedicação.
Pessoas do meu círculo íntimo de amizade dizem que sou meio médica. Já cansei de dar diagnósticos comprovados por profissionais de fato, depois de exames.
Mas, voltando aos pesquisadores: eles descobriram que uma dieta com baixo teor de sal, que imita o jejum (FMD), pode retardar a deterioração dos rins em pacientes com doença renal crônica em estágio 3. Evidências disso vieram inicialmente de estudos em animais.
Em pesquisa recente, os 13 participantes que seguiram a dieta por três meses tiveram melhorias significativas na função renal e marcadores de inflamação. Animais sob dieta mostraram redução de danos nos rins e a deterioração mais lenta da função renal.
A dieta FMD se baseia em vegetais, imita os efeitos do jejum e permite alguma ingestão de alimentos. Ela é rica em nutrientes e gordura (70% a 75% das calorias), mas baixa no total de calorias (cerca de 700 por dia) e também baixa em carboidratos (abaixo de 50g). Deve ser seguida por ciclos de cinco dias, sob supervisão médica, especialmente no caso de que tem problemas de saúde ou está tomando medicamentos.
Em estudo publicado pela Science Translational Medicine, pesquisadores relataram a observação dessas 13 pessoas. Cinco dias por mês, elas comeram alimentos especialmente projetados à base de plantas.
O menu incluía sopas de vegetais, barras energéticas, bebidas, batatas fritas, chá e um suplemento repleto de minerais, vitaminas e ácidos graxos essenciais.
Pesquisadores também testaram a variação da FMD chamada dieta com baixo teor de sal e imitação de jejum (LS-FMD) em ratos com nefropatia, doença causada pelo medicamento puromicina. Cientistas costumam usar ratos para entender doenças renais e testar tratamentos, pois esses animais apresentam alguns danos semelhantes àqueles observados nos rins de humanos.
A equipe monitorou vários marcadores de saúde tanto ao longo do estudo quanto um ano após seu término. Observaram tudo, desde a composição corporal e a função renal até os níveis de inflamação e o desempenho cognitivo. Mediram marcadores de regeneração, observando células-tronco no sangue.
Descobriu-se que após seis ciclos do LS-FMD, a função glomerular melhorou e promoveu sinais de renovação de podócitos (células renais especializadas) nos ratos. A função glomerular se refere a quão bem os glomérulos, pequenas redes de vasos sanguíneos nos rins, estão funcionando.
Quando funcionam corretamente, filtram o sangue, ajudando a remover resíduos e excesso de fluido, que se transformam em urina.
Cientistas descobriram que a dieta LS-FMD ajudou a restaurar os níveis normais de proteína, melhorando a estrutura e a função das células renais em ratos com doença dos rins induzida por medicamentos.
Sugere-se que isso ocorre porque a dieta ministrada altera a maneira como genes específicos funcionam no sistema renal, estimulando a estabilidade e a saúde das células nos rins danificados dos ratos.
Outro estudo publicado na Nature Communications descobriu que pessoas que seguiram o FMD reduziram sua idade biológica em 2,5 anos, em média, em comparação com a idade cronológica.
“É o primeiro estudo a mostrar que uma intervenção baseada em alimentos, que não requer mudanças crônicas na dieta ou em outros estilos de vida, pode tornar as pessoas biologicamente mais jovens, com base em mudanças nos fatores de risco para envelhecimento e doenças, e também num método validado desenvolvido para avaliar a idade biológica”, disse o autor sênior do estudo, Valter Longo, professor da Escola Leonard Davis da Universidade do Sul da Califórnia, em comunicado à imprensa.
Parece ser o caminho da descoberta da fonte da juventude. Será?