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Anna Marina
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SAÚDE

Envelhecimento é doença? Quando começa?

Pesquisa com 100 cientistas que estudam o tema mostra que nem mesmo eles conseguem chegar a consenso sobre o assunto

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Pesquisadores que estudam o envelhecimento discordam sobre quase tudo – incluindo o que é envelhecimento, se é uma doença e quando começa –, de acordo com pesquisa com cerca de 100 cientistas que trabalham na área.

 



Por experiência própria, posso dizer que é doença. E das piores que existem. Se for descrever, desde que entrei nos meus 88 anos, começou meu martírio. Que me jogue pedra quem, na minha idade, não concordar com o que digo.

 



Perdemos nossa independência, precisamos de apoio para andar. Mas não aceitamos, porque não há nada pior que ficar andando com bengala na mão o tempo todo. Aí, pensamos que dentro de casa podemos abrir mão desse acessório e, quando menos esperamos, caímos em um terreno com o qual temos profunda intimidade. A consequência é fratura em alguma parte do corpo.



No meu caso, sempre na coluna. Já foram duas fraturas, inclusive precisando de intervenção cirúrgica para injetar cimento viscoso. Mas o tempo parada causa enfraquecimento muscular, que, por sua vez, traz outros tantos problemas.

 


Paralelamente a isso, a cabeça não para de bater. E é um tal de ir a médico para ver se é labirintite ou outro problema qualquer. Qualquer hora, vou precisar de transfusão de sangue para repor o tanto que já tirei nos exames que fiz só este ano. Nunca pensei que entrar nos 90 anos demandasse tanto trabalho.

 

 


Voltando às pesquisas, o objetivo é ajudar as pessoas a viver mais, melhor e saudavelmente. Mas as causas exatas do envelhecimento, bem como abordagens eficazes para retardá-lo ou revertê-lo, permanecem indefinidas.

 

Para enfrentar esses desafios, pesquisadores precisam falar a linguagem comum, alerta Alan Cohen, que estuda o tema na Universidade de Columbia, em Nova York. "Não precisa haver consenso perfeito, mas precisamos resolver as coisas um pouco", observa. Vadim Gladyshev, outro pesquisador da área, de Harvard, em Boston, e seus colegas concordam.

 


Quando solicitados a descrever o envelhecimento, um terço dos entrevistados considerou que é perda de função ao longo do tempo, com declínios no nível celular até diminuição da saúde e da aptidão geral.



Outros viam o envelhecimento como acúmulo gradual de mudanças deletérias. Nem todos os entrevistados associaram envelhecimento a conotações negativas. Alguns o veem como mudança de estado – reversível ou não – ou a continuação do desenvolvimento.

 


Uma pergunta sobre as causas do envelhecimento provocou ampla gama de respostas, envolvendo acúmulo de danos, restrições evolutivas, mudanças no sistema regulatório e deterioração nos mecanismos de reparo. Alguns admitiram que não sabiam o que está por trás do envelhecimento.

 


Os pesquisadores também discordam sobre se o envelhecimento é doença. Mais de um terço dos entrevistados disse que sim, outros 38% disseram que não, os 28% restantes foram neutros.

 

 

Cohen não é a favor de considerar envelhecimento como doença, porque isso implica em algo que precisa ser eliminado, embora muitos pesquisadores estejam, até certo ponto, trabalhando para atingir esse objetivo.



Sobre quando começa o envelhecimento, os entrevistados disseram que começa cedo, mas não conseguiram concordar sobre quão cedo. Alguns acham que o processo se inicia antes da concepção, quando óvulos e espermatozoides estão sendo produzidos.

 

De acordo com essa teoria, se os pais são mais velhos quando você é concebido, você já está mais avançado em seu envelhecimento.



Outros acham que o envelhecimento começa no dia do nascimento. Alguns disseram que ele começa quando a puberdade chega. Há quem considere que o envelhecimento se inicia apenas quando o corpo para de se desenvolver, quando a pessoa chega aos 20 anos ou alguns anos depois.


O argumento desses cientistas é de que o corpo atinge o pico de desempenho em meados dos 20 anos.

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