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Anna Marina*
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SAÚDE

Uso de tela na primeira infância pode estar relacionado ao autismo

Pesquisas investigam a relação entre o tempo de tela nos primeiros dois anos de vida e diagnósticos de transtorno do espectro autista (TEA)

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Parece que os pais ainda não atentaram para os efeitos maléficos que o excesso de tela nos dois primeiros anos de vida pode causar à criança. Está passando da hora de se preocuparem com isso, tirando tablets e celulares das mãos dos pequenos. E ninguém pode dizer que é balela, pois nunca tivemos tantos diagnósticos de autismo em uma geração como estamos vendo nos últimos 10 anos.

 

 

Pesquisas revelam a relação complexa entre tempo de tela, fatores sociais e diagnósticos de transtorno do espectro autista (TEA) em crianças australianas. As taxas de autismo nos Estados Unidos estão aumentando, assim como as taxas de pessoas viciadas em smartphones, jogos e conteúdo online. Há evidências de que a exposição precoce a um está significativamente ligada ao outro.

 

 

Um grande estudo descobriu que crianças que passavam mais de 14 horas por semana assistindo a telas antes dos 2 anos foram diagnosticadas com TEA em taxas mais altas aos 12 anos, indicando a necessidade de aprofundar pesquisas sobre padrões de desenvolvimento na primeira infância.

 


Publicadas em 4 de novembro no Jama Pediatrics, as descobertas vêm do Longitudinal Study of Australian Children, que acompanhou 5 mil crianças. Os pesquisadores analisaram o uso de televisão, vídeo e internet aos 2 anos, comparando-o com diagnósticos subsequentes de TEA entre 6 e 12 anos. Crianças que excederam 14 horas de tempo de tela semanal antes dos 2 anos mostraram probabilidade 80% maior de receber diagnóstico de TEA aos 12, em comparação com aquelas com menos exposição.

 

 

No entanto, pesquisadores identificaram vários fatores contribuintes além do tempo de tela, incluindo o sexo da criança e o nível de educação dos pais. A educação materna e a renda familiar foram associadas ao tempo de tela em vez do risco de TEA, apontaram os pesquisadores, sugerindo que fatores sociais podem desempenhar um papel no desenvolvimento das crianças.

 

No estudo, 145 crianças foram relatadas como tendo diagnóstico de TEA ao atingirem 12 anos de idade. Meninos apresentaram taxas de diagnóstico quatro vezes maiores do que as meninas.

 

 

Embora a pesquisa não prove que muito tempo de tela causa autismo diretamente, ela destaca uma preocupação potencial para pais e cuidadores. “Os clínicos podem perguntar sobre o tempo de tela durante a primeira infância como parte da avaliação mais ampla do desenvolvimento infantil”, apontaram autores do estudo.

 

Com essas descobertas, especialistas pedem atenção ao tempo que os filhos passam em frente às telas, especialmente devido à crescente popularidade da mídia digital. Pesquisadores também apontaram que reduzir o tempo de tela para crianças pequenas pode ajudar no desenvolvimento mais saudável delas.

 

 

A nova pesquisa levanta questões importantes sobre quanto tempo de tela é apropriado para crianças pequenas. “O uso excessivo pode afetar as habilidades sociais e interações dos jovens, com alguns encontrando dificuldade para fazer amigos na vida real ou cultivando falsas amizades online”, disse Sabrina Butler, professora-assistente de aconselhamento e educação de conselheiros na Syracuse University School of Education, que não está associada ao estudo.

 

Pesquisas anteriores fornecem o contexto para essas descobertas. Um outro estudo do Jama Pediatrics vinculou a exposição precoce à tela a desafios posteriores de processamento sensorial. “A exposição à mídia digital pode ser um fator de risco potencial para o desenvolvimento de perfis sensoriais atípicos”, alertaram os autores.

 

Diferenças no processamento sensorial – incluindo sensibilidade a sons, visão, cheiros, sabores, tato, equilíbrio e consciência corporal – ocorrem comumente com TEA. Pesquisas adicionais documentaram como a exposição à tela pode afetar a química do cérebro, incluindo mudanças em neurotransmissores importantes, como melatonina, dopamina, acetilcolina e ácido gama-aminobutírico (Gaba).

 


A deficiência de melatonina, quando o corpo produz insuficientemente o hormônio responsável pela regulação dos ciclos de sono-vigília, é frequentemente observada em pessoas com TEA. Embora atualmente não haja evidências de que o tempo de tela cause autismo, pesquisadores recomendam incluir discussões sobre a questão nas avaliações do desenvolvimento da primeira infância.


Fica o alerta.

 

* Isabela Teixeira da Costa/ Interina

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