Quem já participou de alguma edição da Quermesse da Mary como expositor sabe que antes de abrir, no primeiro dia, ela faz um café da manhã para os expositores, no qual sempre lê um texto. Para este café ela convida alguns jornalistas e, na edição do último fim de semana, pude comparecer à abertura.




 

Mary contou que conheceu um deficiente visual que escreve muito bem, vai a escolas e faz leituras e conta histórias. E que ficou muito emocionada ao vê-lo fazer a leitura de um de seus textos em braile. Ele é bibliotecário, trabalha em uma instituição e ela chegou a pedir à chefe do rapaz sua liberação para que ele pudesse fazer a leitura na Quermesse. Não foi possível.

 


Mary fez a leitura do texto de Wander Ferreira, intitulado “O que é fácil?”. Achei tão lindo que decidi contar este caso e reproduzir o artigo. Espero que se encantem, como todos os que estavam lá se encantaram. E não se esqueçam que esta é a visão de um deficiente visual.

 


“É fácil pensar e querer ser feliz.

 

Difícil é entender que só existem momentos felizes.


É fácil dizer tudo que se tem vontade, após o acontecido.


Difícil é no calor dos acontecimentos babar as palavras que salivem o ideal.


É fácil querer para os filhos o mundo abençoado de Deus.


Difícil é os filhos quererem que você sempre esteja do lado deles no céu de brigadeiro.


É fácil ter muitos amigos no auge das conquistas.


Difícil é ter e até mesmo ser um amigo nos instantes de desespero. 


É fácil resolver os dramas alheios.


Difícil é ser o outro, quando os dramas passam a ser nossos.


É fácil ter fé.


Difícil entender que a oração é apenas um alento e não há solução.


É fácil ser cego.


Difícil é a cegueira dos hipócritas, dentre os quais às vezes me incluo.


É fácil ser plataforma política nos períodos eleitorais.


Difícil é descer da plataforma, andar pelas pautas legislativas, saltar para projetos, fincar pé em ações concretas e nunca mais subir em plataformas eleitoreiras, por ter se tornado realidade.

É fácil querer o bem pra todos.


Difícil é aceitar quando o bem dos outros não é bom pra gente.


É fácil, tudo que não é difícil!


Mas, o que nunca foi difícil, antes de se tornar fácil?”


(Isabela Teixeira da Costa / Interina)

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