Outro dia, estava me lembrando de como eram os natais na minha casa, quando eu era pequena, e de como eles foram mudando. E do que fez com que a data, ou melhor, as comemorações sofressem as necessárias alterações. Fiquei impressionada ao perceber como momentos “tristes” me marcaram nesta data, muito mais que os felizes.
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A celebração era sempre na noite do dia 24, com a ceia servida impreterivelmente à meia-noite. Não existia amigo-oculto, todos davam presentes para todos. Nós, crianças, ganhávamos de todo mundo. Enquanto estávamos jantando, alguém colocava os presentes ao pé da árvore sem que víssemos. Dava certo, era uma alegria. Íamos dormir tarde.
O café da manhã também era fora do horário, sempre tinha rabanada. O almoço, o “enterro dos ossos” da ceia. Geralmente, meus avós e meus tios, que moravam em Brasília, vinham a BH para o Natal, e depois saíamos juntos para as férias.
Em um dos natais, acho que tinha uns 7 anos, minha tia Neury chegou da Europa e trouxe um estojo enorme para mim, com tinta guache, lápis, canetas e o conjunto de bisnagas coloridas. Colocávamos um pouco daquele creme plástico na ponta de um canudinho, soprávamos e surgiam lindas bolhas de todas as cores. Era mágico.
Na pré-adolescência, fui com meu pai ao jornal no dia 24. A empresa passava por forte crise e estavam pagando vales para os funcionários. A fila era grande. O dinheiro acabou, meu pai abriu a carteira e deu tudo o que tinha, mas não foi suficiente. Fomos para casa. Naquele Natal, ele não saiu do quarto. Ficou na companhia do meu tio, chorando por não conseguir proporcionar um Natal para todos os funcionários. Isso nunca mais aconteceu na empresa. Promessa dele, que foi cumprida.
Crescemos e nos casamos, mas a ceia permaneceu intacta. Nasceram as crianças. Com netos, algumas concessões: a ceia se transformou em jantar, mais cedo. Os presentes começavam a ser entregues antes da meia-noite, entre o jantar e a sobremesa. Com os netos grandes, namorando firme e tendo que ir à casa das namoradas, minha mãe decidiu transferir a ceia para um almoço no dia 25.
Mas ficou sem graça, então minha irmã Regina e eu, desde então, fazemos um jantar no dia 24, em sua casa ou na minha. Como as filhas já são grandes e ela tem neta, sempre inventamos algo criativo. Já teve Natal do pijama, bom demais, divertido e muito confortável. Fizemos biscoitos e decoramos. Não posso dizer que ficaram bonitos, mas estavam bem gostosos. E teve a vez em que criamos enfeites para a árvore de Natal – todos eles estão na minha casa.
De tudo isso, o mais importante é ter a família unida, dançar ao som das músicas natalinas e nunca, nunca nos esquecermos de, antes de sentar à mesa para este momento de união e compartilhamento, fazer uma oração, agradecendo a Deus por ter nos dado seu filho Jesus Cristo. Afinal, toda esta comemoração é pelo nascimento do Emanuel. Feliz Natal a todos!
* Isabela Teixeira da Costa/ Interina