
Relato emocionante de uma tragédia invisível
Livro de Patrícia Espírito Santo revela o drama de refugiados abrigados no Malawi, na África, longe dos olhos do mundo
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Patrícia Espírito Santo me enviou, há meses, um livro de sua autoria, “Há um lugar para mim na casa de meu pai” (Autêntica Editora), no qual relata casos de refúgio na África. Li e reli tudo para não perder nada das atrocidades que são cometidas naquela terra onde gostaríamos de ir para ver cenários bem diferentes dos nossos, muitos deles intocados pela mão do homem.
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Livros assim devem ser lidos com muita atenção, comparando o que acontece em outros países. Os casos que a autora conta são de refugiados em Dzaleca, no Malawi, campo que reúne principalmente pessoas que fugiram de perseguições sanguinárias.
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São 55 mil refugiados, principalmente da República Democrática do Congo (que voltou às manchetes nos últimos meses estendendo a guerra que já dura décadas), do Burundi e de Ruanda.
Nesse universo, há centenas de mulheres com seus filhos, viúvas dos conflitos ou abandonadas pelos maridos que não deram conta de dividir o fardo da família. Muitas precisam recorrer à prostituição para sobreviver.
“Era essa África que sempre desejei conhecer e experimentar. A África que eu sabia que existia, local onde vivem pessoas de crenças extraordinárias com quem eu teria muito a aprender”, revela a autora. “O que os amigos que fiz por lá têm mais a me impressionar é a fé. Não importa que nome se dê a Deus, ele está no comando. Não importa o quanto se sofreu, o quanto se perdeu, a falta de perspectiva de melhorar em curto e médio prazo: 'Deus proverá'. Eles vivem a fé, e não apenas uma crença religiosa.”
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O texto traz depoimentos de vida, ensinamentos. Mostra como se vive em pontos que só são lembrados pelo resto do mundo como locais de exploração de riquezas minerais, ficando o aspecto humano da vida em segundo plano.
Patrícia faz mais do que destacar a indigência que alcança milhões no continente africano, uma tragédia invisível para a maior parte do planeta. O livro nos convida a repensar as razões de nossa própria existência, a reconsiderar como vivemos e respondemos a essa realidade como indivíduos e povo.
É comum ver o brasileiro como amigável, que pensa na felicidade do próximo. No fundo, sabemos que não é bem assim. Independentemente da nacionalidade, somos todos iguais.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.