
Entre leituras e as lembranças do carnaval
Leio um livro que aborda o absurdo ódio aos judeus. Sempre fui amiga de pessoas de todas as origens, com quem me diverti muito em blocos e escolas de samba
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“'Existem bairros de Paris apinhados de judeus vindos de todos os lugares do mundo. Vocês seriam assaltados por um cheiro nauseabundo. Veriam crianças pretas de sujeira e cheias de parasitas agitando-se em ruelas estreitas', pode-se ler na nova versão do guia que a Wehrmacht distribuiu a seus valorosos soldados de folga.”
Assim começa o 12º capítulo do livro “O barman do Ritz de Paris” (Record), de Philipp Collin, que conta variados casos da Segunda Guerra Mundial por meio de um barman que conhece todos aqueles americanos lendários dos anos 1940, entre eles Ernest Hemingway.
Em um dos capítulos, o barman vai a pé para casa e na porta de uma loja vê um cartaz bem elucidativo da época: “Loja proibida para judeus”. Em plena capital da França ocupada pelos alemães que, àquela altura, já tinham dado cabo, em campos de concentração, de mais de 5% da população da cidade.
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Como estou detida em casa porque ainda não consigo andar facilmente, tenho me ocupado com leituras variadas, sempre de autores importados. O que mais vejo é esse ódio aos judeus, que a literatura internacional sempre aborda.
Tenho implicância antiga com pessoas que fazem seleção de raças, escolhendo pelo que leem ou escutam falar. Como tenho incontáveis amigos e conheço inúmeras pessoas, não canso de ser alertada por gente que se considera a tal: “Não seja amiga de beltrana, ela é judia”; “Não ajude fulana de tal, ela é alemã”. Ou russa.
Sempre fui muito amiga de pessoas de todas as origens. Tenho entre meus amigos mais próximos – e sei que ela tem amizade verdadeira por mim – a Irene, que foi minha manicure durante anos e sempre que pode me visita. E entre os amigos “importados”, Roberto e Raquel Cohen, que se foram cedo, mas são lembrados sempre.
Contrariando minha família, que não gosta muito de festas populares, sempre adorei carnaval. Inclusive, desfilei várias vezes na Afonso Pena com os amigos. No início, em pequenos blocos de jornalistas, invenção de um colega; depois na escola de samba Canto da Alvorada; encerrei a minha fase foliã no Rio de Janeiro.
Coisa melhor do mundo é você se divertir com as pessoas, alegria sem preconceito. Bons tempos. É coisa que muita gente está precisando aprender.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.