
O papa Francisco, as sondas e eu
Quando jovem, o papa utilizou cateteres para tratar os pulmões, com muitas dores. Precisei recentemente de sonda. Não doeu, mas foi uma chatura
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Quem costuma ver jornais na TV, volta e meia, recebe a informação de que o papa Francisco está no hospital com problemas pulmonares. Dizem que ele teria escrito a carta de renúncia, pensando que numa dessas poderia morrer. Tenho certa simpatia por ele, cujo nome é o mesmo do meu pai. Nasceu Jorge Mário Bergoglio, em Buenos Aires, e ordenou-se jesuíta. No dia 13 deste mês, completará 12 anos no pontificado.
Muito jovem, com cerca de 21 anos, o papa quase morreu por causa de uma séria moléstia pulmonar. “Foram três dias terríveis, nos quais se debateu entre a vida e a morte. Em um momento em que delirava de febre, Jorge Bergoglio – que tinha então 21 anos – abraçou a mãe e lhe perguntou desesperado: 'O que está acontecendo comigo?'. Ela não sabia o que responder, porque os médicos estavam desconcertados. Por fim, diagnosticaram pneumonia grave, como também detectaram três cistos. Quando seu estado foi controlado e passou um tempo prudencial, o futuro papa pôde ser submetido à ablação da parte superior do pulmão direito.
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Todos os dias era preciso fazer circular soro para lavar a pleura e as cicatrizes. As sondas se conectavam a um canudo para que pudesse sugar com o leve vácuo produzido pelo jorro de água. As dores eram terríveis.”
O relato acima está no livro “O papa Francisco – Conversa com Jorge Bergoglio” (Editora Verus), de autoria de Sergio Rubin e Francesca Ambrogetti. Interessante notar como em tempos não tão distantes o tratamento médico era doloroso.
Recentemente, eu estive submetida a esse tipo de “medicina invasora”, que usa inocentes sondas gástricas para levar alimentos ou produtos médicos da superfície do corpo até órgãos internos.
Só quem passou por isso sabe a chatura que é. A introdução da sonda é feita com o paciente sedado, ele não sabe e nem vê nada. Quando acorda, percebe que tem sobre o corpo, em cima da pele, um cano pequeno de borracha ou assemelhado, que cumpre o papel de circulador.
Quando a sonda vai até o estômago, ela foi ali introduzida por um pequeno furo na barriga. Quer dizer, é uma espécie de alça, que começa na barriga e entra no estômago. Para os aflitos, é uma tortura, pois tudo deve ficar por vários dias na mesma posição.
É impossível dormir de barriga para baixo, e a roupa deve ser, de preferência, sem cintura. Calça comprida, só com o cós bem leve. Jeans apertados se chocam com o tubo, é uma chatura só. Transcorrido o prazo médico para manter o tubo no organismo, chega a hora da esperada retirada.
Em linhas gerais, a sonda só pode ser retirada pelo médico, que a puxa. Tal cuidado parece simples, mas pode doer, por isso pede analgesia leve para que o paciente não sinta nada. A gente fica deitada para “apagar”, enquanto ocorre o procedimento.
O negócio está tão comum que o pequeno furo na barriga não precisa de ponto. Só de curativo simples, que deve ser substituído até o furo se fechar totalmente. E fecha rápido, em no máximo dois dias. Impressionante. Não dói nada, só incomoda pra burro.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.