
Furtos e roubos em excesso
A triste constatação é que, mesmo que a polícia consiga prender os receptadores, o cidadão roubado não recebe nada de volta
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A matéria de capa deste jornal ontem foi sobre roubos, que acontecem em Minas a cada meia hora, e furtos, a cada três minutos. Já fui vítima de um furto (sem agressão física) e na relação dos crimes cometidos contra a propriedade de terceiros não consta o furto, que é a retirada de objetos da casa, sem nenhuma violência.
Já contei aqui, mas não custa repetir, que uma pessoa que trabalhou em minha casa não só me dopava, mas tinha também conhecimento de todos os meus haveres. Aproveitando uma ocasião em que eu estava no hospital, levou o que pode em minha casa. Sobrinho meu que estava na delegacia, quando foi processado o caso, acompanhou alguns policiais na busca do roubo e conseguiu reaver um colar raro e caro de minha propriedade. Quanto ao resto, bau-bau, não se sabe de mais nada. E, até onde fui informada, mas não oficialmente, a polícia teria descoberto o receptador. Tanto que conseguiu interceptar a compra de um carro e de um sítio feita pelos ladrões. O carro teria custado R$ 200 mil e, pelo tanto que fui furtada, deveria ser de minha propriedade.
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O lado ruim desses roubos é que os criminosos não buscam só os valores das peças, mas o que podem levar que dê algum lucro. Relatei aqui que até peças de roupa e acessórios de couro foram embora, junto com o roubo das joias e bijuterias. Fiquei sem nada, salvou-se apenas um relógio, que ficou no meio de papéis. O interessante dessa fúria para apoderar-se do bem alheio tem um sexto sentido que não deixa ficar nada sem ser roubado. Só na semana passada, encontrei duas vezes esse furor. Sempre deixei meus colares de pérolas em estojos separados da gaveta onde sempre guardei minhas bijuterias. Foram roubados, assim como dois brinquinhos de orelha furada, que procurei e não encontrei. Ambos não têm o menor valor, mas fiquei sem eles.
Outra constatação é que, mesmo que a polícia consiga prender os receptadores, o cidadão roubado não recebe nada de volta. Não sei o que acontece, mas pelo menos uma coisa aprendi: diga adeus ao que foi roubado, nem por milagre as coisas voltam às suas mãos. Já me contaram que a polícia precisa ter em mãos o que foi recuperado para formar o relatório do roubo. Pode até ser verdade, mas o cidadão espoliado de seus bens não teria direito a uma recuperação? É por isso que afirmo que o melhor que se faz é esquecer do que foi perdido. Esquecer a perda é o melhor caminho para não sofrer com o roubo.
Por essas e outras, aprendi uma realidade: melhor é não tentar repor as peças perdidas. Tenho visto muita bijuteria que copia peças em ouro, que custam pouco mais de nada. Mas se são tão perfeitas, correm o risco de serem confundidas e roubadas também. Há um lado gratificante nesse tipo de perda: encontrar uma ou outra peça muito antiga, ou querida, entre as roupas que ficaram. Dia desses, encontrei umas três peças de bijuteria, sem o menor valor, em lapelas de paletó, em decotes de vestidos. A polícia andou informando, e os jornais publicaram matérias alusivas, que joias em ouro são difíceis de serem recuperadas porque se têm pedras, elas são retiradas e o ouro é fundido para a montagem de outro modelo. E pedras brasileiras lapidadas, avulsas, são encontradas até no Mercado Central.
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Já vi proprietárias de joias preciosas fazendo cofres no chão. Uma parte do assoalho é retirada e transformada em uma placa que se casa com o restante do chão. Nesse espaço se monta uma área para a guarda de um cofre. Depois, cobre-se tudo com um tapete. Se o ladrão não for informado dessa diferença, prende-se só o que é encontrado no cofre ou no armário, e o resto fica salvo.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.