
O sacrifício da ginástica
Fico pensando a razão que me leva a fazer esse tipo de exercício na idade em que estou, sem gostar nem um pouco
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Estou saindo de uma sessão de ginástica – sentada na cadeira, porque não consigo mais ficar em pé muito tempo, sem escorar. Fico pensando a razão que me leva a fazer esse tipo de exercício na idade em que estou, sem gostar nem um pouco.
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Gostaria muito mais de estar na varanda, na minha poltrona predileta, lendo o livro de Michel Schneider sobre Marilyn Monroe, “Últimas sessões”, que é muito interessante. Fala tudo sobre o cinema e seus atores. Eu nunca soube, por exemplo, que Frank Sinatra tinha sido amante de Marilyn.
Acho mais engraçado estar entregue a essa sessão de ginástica, porque nunca fui amante de exercício físico. Pulava fora deles, sem dizer adeus. No fundo, acho que toda essa aplicação é sem sentido, ainda mais na idade em que estou.
Quando nova, comecei a fazer aulas de dança com meu primo, Klauss Vianna. Ele estava começando sua gloriosa carreira na dança e juntou um grupo de primas para fazer exercícios com ele no porão habitável de sua irmã.
No princípio, fiquei muito entusiasmada, principalmente com os exercícios que nos ensinavam até a andar. Aos poucos, o entusiasmo foi acabando e passei para outra escola, a que ensinava a desfilar. Parece coisa simples, mas tem seus truques. Como mostrar os detalhes mais importantes da roupa, como fazer a volta com certa graça na passarela e assim por diante.
Desse eu gostava bem, porque existiam muitas confecções na cidade que promoviam desfiles no Automóvel Clube, pagando cachê em grana e doando alguns dos vestidos desfilados.
Como eu desfilava muito, por ser muito magra, depois que parei de desfilar passei para o lado de dentro da festa, ensinando as mais novas a enfrentar uma passarela. Fiquei tão conhecida com esse trabalho que, em certas épocas, quando este jornal promovia desfiles para misses, ensinei várias a pisar na passarela com elegância.
Se não estou enganada, até Stael Abelha, que depois foi Miss Brasil e, se não estou enganada outra vez, casou-se com o patrocinador mineiro da festa, que era o construtor do PIC.
Mas, na realidade, nunca gostei de fazer exercícios, sentada ou não, só que agora, como eles são feitos em minha casa, tenho vergonha de dispensar as professoras, que vêm na hora marcada, sem falta.
Minha família me estimula a manter o corpo saudável, sem pensar em deitar na cama e aproveitar o bem-bom da idade. Minha mãe era craque nisso, deitava meio de lado e, como fumava, corria o risco de dormir e deixar o cigarro cair na cama e queimar tudo. O que, felizmente, nunca aconteceu.
Quando ela fez 70 anos, dei de presente uma viagem à Europa, ela tinha muita vontade de conhecer Portugal. Na ida, tivemos que escolher o lugar na área destinada aos fumantes. Ela achou tão complicado que passou o tempo sem tocar no cigarro.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.