Móveis multifuncionais auxiliam a armazenar brinquedos -  (crédito: Freepik)

No mundo dos brinquedos

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A Abrin é a maior feira de brinquedos da América Latina e sua 40ª Edição aconteceu do dia 3 ao dia 5 de março em São Paulo e eu estive lá em busca novidades uma vez que a feira promete mostrar as tendências que direcionam o mercado. Queria encontrar brinquedos inovadores, sustentáveis, tecnológicos, e brinquedos acessíveis para crianças com deficiência. O mundo está mudando e acredito que os brinquedos devam acompanhar e ajudar nessa mudança.

 

Na coletiva de imprensa perguntei ao presidente da ABRINQ (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedo), Synésio Costa, se hoje, com o problema de saúde pública que é o vício em telas, a Abrin estava trazendo soluções para tirar as crianças da frente da tela, se há novas ideias, novos brinquedos, a resposta de Synésio foi:

 

“A gente está lançando, temos 4700 novas soluções para a criança sair de frente da tela, mas a criança não vai sair da frente da tela porque é o novo modelo, é a nova geração, mas ela fica na tela por um tempo e, em seguida ela quer brincar. O brinquedo é como o porto seguro da criança depois da tela. Eu não sou mãe, mas eu tenho filhos, deixa eles em paz, porque se a mãe fica falando aí vira birra. Não fala! (...) Estabeleça o tempo que ele pode ficar na tela, passou do tempo você desliga, deixa gritar, espernear, fazer o que quiser, é o teu filho e você é responsável por cria-lo adequadamente, e aí, a alternativa para ele continuar vivendo, emocionando é o brinquedo.”

 

Perguntei então sobre brinquedos pedagógicos e brinquedos para crianças com deficiência: “A gente tem mais de 100 alternativas de brinquedos que atendem todas as dificuldades ou deficiências que existem na sociedade brasileira no ambiente de saúde da criança.” Respondeu Costa.
Respostas lacônicas sobre o tema das perguntas, em 2 minutos de conversar o que recebi foi Mansplaning, que é quando um homem dá uma explicação simplista para uma mulher sobre um tópico que ela domina e tem experiência. Ou seja, ensinar para uma mãe, que estuda educação parental sobre como criar adequadamente o seu filho. O momento também foi salpicado por manterrupting, fui interrompida algumas vezes, sem poder concluir meu raciocínio ou terminar uma fala. Felizmente essa fala de minutos não conseguiu apagar minha boa impressão sobre a feira, minhas perguntas foram respondidas pelos próprios fabricantes.

 

O estande da Estrela nos envolve pelo apelo emocional, nostálgico com vários brinquedos que fizeram parte da infância de todas as gerações de brasileiros. Estrela sempre faz um relançamento de produtos para uma geração que ainda não foi apresentada a determinados brinquedos, os pais sentem o desejo de apresentar aqueles brinquedos que tiveram, ou que não tinham condições de ter, para seus filhos.

 

No palco do Abrin Talks, Aires Fernandes, diretor de Marketing da Brinquedos Estrela, destacou a necessidade de transformar o romantismo de outrora do brinquedo, na tecnologia para conquistar a atenção e o foco da criança que tem uma série de estímulos virtuais. Em sua visão, o brinquedo vai incorporar essa transformação digital, processar e devolver para a criança o brinquedo melhorado, lúdico e divertido. Aires também reforçou que a transformação do mundo se reflete nos brinquedos, um exemplo é que há 40 anos não se aceitava falar de bonecos e nem bonecas para meninos. Hoje entende-se a importância lúdica da brincadeira para criar bons pais no futuro.

 

Apesar de essa mudança estar acontecendo, uma coisa que percebemos é que ainda existe uma divisão sexual dos brinquedos infantis, ou seja, aquela divisão entre brinquedos rosa para meninas e brinquedos azuis para meninos. Minicozinhas, mini eletrodomésticos, e outros objetos de “casinha” em tons de rosa. No entanto, nessa paleta de rosas e lilases, a Biemme brinquedos tinha exposto um Trator com pá fugindo do estereótipo.

 

A Xalingo está com uma linha bem interessante de brinquedos inclusivos dedicados ao aprendizado de libras, a língua brasileira de sinais, e de braile, o sistema de escrita tátil usado por pessoas com deficiência visual.

 

O lúdico e sustentável está presente na Eu Amo Papelão, que tinha o estande mais bonito da feira. A marca tem brinquedos como casinhas, castelos e carrinhos feitos de papelão que a criança monta e colore. A Kidzzo, idealizada por Simone Storino, fabrica instrumentos musicais para crianças, são instrumentos de verdade, não são brinquedos, feitos de madeira, metal e um pouco de plástico. A musicalização ajuda no desenvolvimento, na educação, propicia momentos especiais entre pais e educadores, numa atmosfera de amor e sinergia.

 

A resposta à minha pergunta sobre novas tecnologias veio na FUN com o Extrem Bots com kits de robótica vários modelos de robôs que a criança monta e programa o seu robô. A pimpolho trouxe uma linha de alimentação feita com fibra de trigo que utiliza menos plástico e é um material mais leve e ecológico que o plástico convencional.